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abril 30, 2006

Plágio ou "Memória Fotográfica"?

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Kaavya Viswanathan, uma aluna da Universidade de Harvard, de origem indiana, publicou um romance intitulado How Opal Mehta Got Kissed, Got Wild, and Got a Life . Acontece que o livro tem 29 trechos praticamente idênticos a outros, de autoria de outra romancista, Megan McCafferty.

Kaavya está sendo acusada de plágio, mas insiste em que a cópia foi totalmente inconsciente e involuntária; ela argumenta que possui uma "memória fotográfica" e nunca toma notas em sala de aula, por exemplo. Após ler diversos livros de McCafferty, os trechos teriam ficado armazenados no seu inconsciente, sendo depois reproduzidos, literal e...involuntariamente!

Este é um bom momento para uma discussão do assunto "memória fotográfica". Uma revisão do tema foi feita pelo sítio slate.com.

De acordo com a ciência, parece que ninguém tem a tal "memória fotográfica"-exceto, talvez, UMA pessoa: em 1970, um especialista em ciência da visão da Universidade de Harvard, Charles Stromeyer III, publicou um trabalho na revista Nature sobre uma estudante daquela universidade, chamada Elizabeth, que podia executar um feito espantoso. Stromeyer apresentara, ao olho direito de Elizabeth, um padrão de 10.000 pontos aleatórios; um dia depois, ele mostrara ao olho esquerdo da aluna um outro padrão de pontos aleatórios. Ela fora capaz de fundir mentalmente as duas imagens, formando um anaglifo de pontos aleatórios, e identificara uma imagem tridimensional flutuando acima da superfície do papel!

Elizabeth parecia ser a primeira prova irrefutável de que a memória fotográfica seria possível; mas então, num lance reminiscente de novela de televisão, ela se casou com o pesquisador e nunca mais voltou a ser testada...

Em 1979, outro pesquisador, John Merritt, cético dos resultados de Stromeyer, tentou replicá-los em muitos outros voluntários, recrutados dentre 1 milhão de pessoas que fizeram um pré-teste publicado em jornais; nenhum dos candidatos selecionados conseguiu repetir o feito de Elizabeth.


Leia mais sobre memória fotográfica no sítio slate.com

abril 28, 2006

Seriam os Ingleses Mais Inteligentes do que os Franceses?

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Saiu no The Times de ontem: os ingleses estão festejando o resultado de um levantamentto do QI médio em diversos países da Europa. Os ingleses ficaram em oitavo lugar, bem à frente dos seus eternos rivais, os franceses, que terminaram em décimo-nono! As notícias só não são mellhores, do ponto de vista britânico, porque os alemães ficaram com a primeira posição...

De acordo com o professor Richard Lynn, da Universidade de Ulster, os britânicos têm um QI médio de 100; os franceses obtiveram 94. Os alemães alcançaram uma média de 107 (um QI de 81 a 115 é considerado "normal", mas pessoas muito inteligentes podem chegar a mais de 145).

O professor Lynn tem uma explicação evolutiva para essas diferenças: ele acredita que os povos dos países frios do norte da Europa precisaram caçar animais de grande porte e com isso ingeriram mais proteínas de alto valor biológico, o que teria resultado num maior desenvolvimento cerebral...O que vocês acham?

Link para o artigo do The Times

abril 25, 2006

Egas Moniz, Português, Prêmio Nobel de Medicina de 1949

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Uma figura já quase lendária é a do médico e político português Egas Moniz, que ganhou o prêmio Nobel de Medicina de 1949 e foi também o inventor da angiografia cerebral.

Ele recebeu o prêmio Nobel pela criação de um método cirúrgico para tratamento de doentes psiquiátricos, a leucotomia pré-frontal.

Transcrevo trecho do blogue egasmoniz:

Egas Moniz raramente foi a público discutir acerca dos seus trabalhos científicos. Apesar das numerosas críticas que lhe foram dirigidas, quer relativamente aos efeitos colaterais das soluções opacificantes que usou na Angiografia Cerebral, quer quanto às apreciações negativas que impendiam sobre a leucotomia préfrontal, Egas Moniz optou, quase sempre, pelo silêncio.
O texto cuja capa ficou afixada acima, corresponde a um desses raros momentos em que Moniz se ocupou publicamente das avaliações negativas do seu método.
Começa assim:
«Quando pensei em alterar o circuito de influxos no encadeamento das células nervosas cerebrais, no propósito de modificar a vida psíquica dos alienados, meditei cerca de três anos sobre a ousada tentativa. Apenas Almeida Lima, colaborador constante dos nossos trabalhos de investigação, soube dos meus ainda mal esboçados propósitos e da base anatómica em que os firmava.» (*)
Moniz tem então 80 anos de idade e este trecho do exórdio tem uma importância fundamental. Corresponde a uma contestação indirecta das versões em que era acusado de ter agido precipitadamente, no final de 1935, no regresso de Londres, onde participara no 2º Congresso Internacional de Neurologia. Teria assistido aí à apresentação de resultados da ablação bilateral do córtex préfrontal de duas chimpanzés (Becky e Lucy). Charles Jacobsen - que trabalhara em colaboração com John Fulton - fizera a demonstração que, após a lobectomia, a reacção furiosa que se verificava anteriormente, sempre que as chimpanzés procuravam comida e não a encontravam, desaparecia e dava lugar a um comportamento calmo, destituído de picos emocionais. Moniz nunca confirmou a versão segundo a qual teria, então, formulado a questão de saber se a remoção dos lobos frontais evita o desenvolvimento de uma neurose experimental em animais e elimina a frustração comportamental, porque não seria, então, possível, aliviar os estados de ansiedade nos humanos por meios cirúrgicos?


Ora, a datação que Egas Moniz revela nesta comunicação, remete para 1931 (cerca de 4 anos antes) o início dos seus estudos e reflexões conducentes à prática da leucotomia pré-frontal, revelando que, com Almeida Lima, já então tratava secretamente dos preparativos.

(*) Egas Moniz, A leucotomia está em causa, Academia das Ciências de Lisboa, Biblioteca de Altos Estudos, 1954. Cortesia de Armando Myre Dores e Lina Seabra Dinis, a cuja biblioteca privada pertence o exemplar supra.

abril 24, 2006

Encontrada Área Cerebral Especializada na Leitura de Palavras

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Eu não disse que a frenologia estava voltando? Agora é a vez da área cerebral especializada na leitura de palavras, postulada pela primeira vez pelo neurologista francês Déjerine no final do século XIX.

Essa área, atualmente denominada visual word form area (VWFA), é localizada nas regiões posteriores do hemisfério cerebral esquerdo e mostra atividade, pela ressonância nuclear magnética funcional, quando o indivíduo lê; os céticos, entretanto, argumentam que ela também se ativa com outras tarefas, tais como olhar para faces ou objetos.

O caso recente de um paciente que se submeteu a uma cirurgia para o controle da epilepsia, tratamento esse que lesou áreas cerebrais próximas à VWFA, entretanto, lançou uma nova luz sobre esse problema.

Os achados de experimentos realizados antes e depois da cirurgia parecem confirmar que essa área cerebral realmente é fundamental para a decodificação da palavra escrita; basta dizer que, antes da cirurgia, o paciente era capaz de ler qualquer palavra de até 9 letras em 600 milisegundos e após a lesão terapêutica demorava 10000 milisegundos (1 segundo!) para ler palavras de 3 letras, precisando de mais 300 milisegundos para cada letra adicional...Parece que ele agora tem que ler uma letra de cada vez!

Este caso foi relatado por Laurent Cohen et al. no número de 20 de abril de 2006 da revista Neuron.

abril 22, 2006

Essa é Boa: Dominância Cerebral Canina

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Hoje é sábado, dia de relaxar e rir um pouco...

abril 21, 2006

Desenvolvimento Cerebral Relacionado com o QI

Postado por Sandra Gouveia no blog Scienciae:

Muitos estudos realizados revelaram uma correlação entre o tamanho do cérebro humano e a habilidade mental do indivíduo. Um estudo recente sugere que para o intelecto humano a maneira como o cérebro se desenvolve é ainda mais importante do que as dimensões finais do mesmo.
Através da ressonância magnética, um grupo de psiquiatras do “National Institute of Mental Health in Bethesda” analisaram o cérebro de cerca de 300 crianças saudáveis com idades compreendidas entre os 5 e 18 anos e realizaram testes padrão de QI. A maioria dos indivíduos foram avaliados com intervalos de dois anos e um programa computacional estimou a densidade do córtex cerebral (fina camada de tecido na superfície do cérebro e a zona de maior raciocínio).
Nas crianças com classificação acima dos 120 valores, nos testes de QI, o desenvolvimento do córtex começou por ser relativamente pequeno. Depois aumentou rapidamente atingindo um máximo de espessura por volta dos 11 anos, antes de decrescer. No caso das crianças com valores de QI médios (por volta dos 100) a espessura do tecido cortical atingiu um máximo por volta dos 7-8 anos.
Quando adultos, a zona cortical é semelhante em espessura quer para as crianças com um QI elevado ou médio. No entanto, a principal diferença reside no tempo de desenvolvimento e não no resultado final. Assim uma das conclusões mais interessantes que se pode retirar deste estudo é que um elevado tempo de maturação favorece o desenvolvimento intelectual.

abril 20, 2006

O Fim da Necessidade de Dormir?

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Mais uma reportagem interessante de Cristina Tardáguila no Blog No Mínimo: o advento do modafinil, uma droga que combate o sono de maneira diversa das anfetaminas, criada para o tratamento da narcolepsia, mas que tem potencial para abuso por indivíduos sadios.

Cristina escreve:

Imagine um mundo sem sono, sem bocejo, sem remela e sem cansaço. Imagine, agora, como seria se as pessoas não tivessem que dormir cerca de oito horas por dia para estarem bem e saudáveis. Pense também como você usaria o tempo que gasta dormindo se pudesse ficar acordado por dias a fio. Pois bem: muita gente nos EUA e na Europa tem vivido assim. São pessoas que andam consumindo fora das indicações originais um novo produto da indústria farmacêutica que está a ponto de chegar ao Brasil.
A pílula em questão é comercialmente conhecida nos EUA como Provigil. No Brasil, está em processo de análise pela Anvisa e ainda não tem nome. É fabricada pelo laboratório americano Cephalon e foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) em 1998 para ser usada no tratamento da narcolepsia (distúrbio caracterizado por sonolência excessiva ao longo do dia) e da apnéia do sono. Seu princípio ativo é o modafinil, um estimulante do sistema nervoso central capaz de promover um estado de alerta diferente (para melhor) do gerado pelas anfetaminas. Testes comprovaram que provoca menos alterações no comportamento e no humor do que outros estimulantes disponíveis nas farmácias, o que é um ponto atraente aos olhos do mercado. No entanto, até que ponto o consumo dessa droga pode ser considerado seguro?

Leia o restante da reportagem no Blog No Mínimo

abril 19, 2006

Vai Um O2 Aí ?

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No Blog No Mínimo, Cristina Tardáguila Ferreira comenta sobre a nova mania dos bares e pubs: Inalar oxigênio em vez de ingerir álcool. O hábito está mais difundido na Europa, mas já chegou ao Brasil:

Como as leis de controle do consumo de tabaco e bebidas alcoólicas são cada vez mais rígidas nas principais cidades do mundo, mentes pensantes (e - por que não dizer logo? - mirabolantes) andam investindo tudo o que têm em bares de oxigênio. Não. Você não leu errado. Tem gente apostando mesmo que a onda do futuro é substituir os mal cheirosos charutos e aquela cervejinha gelada do happy hour por uma borrifada refrescante do mais puro e concentrado O2.
O empresário americano Michael Miller, 42 anos, que mora em São Paulo há doze, é um desses investidores aparentemente – só aparentemente - malucos. Desde 2003, aluga para boates, festas de aniversário e casamentos umas máquinas – chamadas concentradores - capazes de sugar o ar que respiramos, de retirar dele as impurezas excessivas e o nitrogênio contido em sua fórmula original e de fornecer, através de canudinhos individuais e intransferíveis ligados diretamente nas narinas dos consumidores, um oxigênio “muito mais limpo e em uma concentração muito mais alta do que a que estamos acostumados a respirar”.

Leia mais no Blog No Mínimo

Research-TV

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Acabo de descobrir a Research-TV, onde há muitos vídeos sobre ciência, inclusive diversos sobre neurociências e comportamento:

Link para "Scanning Brainwaves to Read The Mind"

Link para" Hemianopia: looking into the dark"

Link para "Brain Scans show ADHD differences"

Link para " Fit to fight depression"

abril 17, 2006

Volta às Aulas em Boa Companhia

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Aqui no Brasil estamos agora iniciando mais um período letivo nas Universidades Federais. É tempo de sugerirmos aos colegas professores e aos alunos o excelente livro Cem Bilhões de Neurônios, do prof. Roberto Lent, da UFRJ. Há pouco tempo escrevi uma breve resenha sobre esse livro:

Um Trabalho Fantástico!

Este livro é um marco na bibliografia brasileira sobre neurofisiologia. Com um texto leve, agradável e envolvente, ensina de forma aprofundada os principais tópicos necessários ao ensino de neurofisiologia a nível de graduação e mesmo de pós-graduação. Também merece destaque a excelente qualidade das ilustrações, de indiscutível valor didático e artístico. Finalmente, por ter sido escrito de forma praticamente integral pelo professor Roberto Lent (excetuando-se as informações contidas em "boxes", de autoria de outros pesquisadores brasileiros-tive inclusive a oportunidade e a honra de dar ali uma pequenina contribuição), o texto flui com o mesmo estilo do início ao fim da obra. Recomendo fortemente esse livro-texto, que está destinado a se tornar uma obra clássica em nosso país- e talvez também em outras nações lusófonas...

Link para os meus livros prediletos de Neurociências.

abril 16, 2006

Déficit de Atenção?

Estes versos de JACQUES PRÉVERT parecem descrever crianças com déficit de atenção-ou seriam crianças normais?

PÁGINA DE ESCRITA

Dois e dois quatro
quatro e quatro oito
oito e oito dezasseis…
Repitam! Diz o professor
Dois e dois quatro
quatro e quatro oito
oito e oito dezasseis.
Mas eis que o pássaro da poesia
passa no céu
a criança vê-o
a criança ouve-o
a criança chama-o:
Salva-me
brinca comigo
pássaro!
Então o pássaro desce
e brinca com a criança
Dois e dois quatro…
Repitam! Diz o professor
e a criança brinca
e o pássaro brinca com ela…
Quatro e quatro oito
oito e oito dezasseis
e dezasseis e dezasseis quanto é que faz?
Dezasseis e dezasseis não faz nada
e sobretudo não faz trinta e dois
e de qualquer maneira
eles vão-se embora.
A criança escondeu o pássaro
na sua carteira
e todas as crianças
ouvem a música
e oito e oito por sua vez também se vão
e quatro e quatro e dois e dois
por sua vez desaparecem
e um e um não fazem nem um nem dois
um e um também se vão dali.
E o pássaro da poesia brinca
e a criança canta
e o professor grita:
deixem de fazer palhaçadas!
Mas todas as outras crianças
escutam a música
e as paredes da sala
desmoronam-se tranquilamente.
E os vidros voltam a ser areia
a tinta volta a ser água
as carteiras voltam a ser árvores
o giz volta ser falésia
e a caneta volta a ser pássaro.


Tradução de José Fanha

abril 15, 2006

A Frenologia Está Voltando?

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Franz-Joseph Gall (1758-1828) foi o expoente máximo da frenologia, uma pseudociência que afirmava que as saliências, ou bossas, do crânio seriam indicativas de um maior desenvolvimento das áreas cerebrais subjacentes; o maior tamanho de certas áreas cerebrais, por sua vez, estaria relacionado a habilidades específicas do indivíduo. Os frenologistas examinavam as saliências dos crânios dos seus clientes e assinavam laudos frenológicos em que sugeriam as principais vocações e habilidades especiais do examinado.

Depois de mais de um século de descrédito, a frenologia parece estar querendo fazer um retorno triunfal, agora não mais com medições do crânio, mas com medições da massa de estruturas cerebrais, com técnicas sofisticadas de ressonância magnética nuclear.

Neurocientistas do University College de Londres, por exemplo, acabam de anunciar resultados que indicam que os poliglotas têm mais substância branca numa área que processa sons no hemisfério cerebral esquerdo, o giro de Heschl.

O experimento envolveu falantes nativos do francês, numa tarefa na qual teriam que distinguir o "d" da sua própria língua do "d" pronunciado de modo diferente em Hindi. As diferenças estavam nos primeiros milisegundos das sílabas. Foi testada a velocidade com que os participantes processavam essa informação. Os participantes que identificavam mais de 80% dos sons corretamente foram testados, então, com outros sons acusticamente semelhantes.

Alguns dos mais rápidos nesse aprendizado conseguiam distinguir os sons dentro de poucos minutos, enquanto os mais lentos ainda tinham um desempenho medíocre após 20 minutos de treinamento.

De acordo com os autores do estudo, indivíduos que aprendiam rápido tinham "mais substância branca nas regiões parietais, especialmente a esquerda."

Eles concluem que essas diferenças morfológicas pré-existentes podem prever que o aprendizado será mais fácil para certos indivíduos (com mais substância branca nas regiões parietais), sem entretanto significar que outros, menos aquinhoados, seriam limitados por isso:

...morphology may in part explain how behavior is shaped across individuals due to preexisting differences in the amount of effort required to perform a task successfully, but such morphological differences do not determine behavioral limitations.

Um pouco contraditório, não?

Realmente me parece que a frenologia está querendo voltar...

Link para o trabalho completo de Golestani et al. na revista Neuron (PDF)

abril 14, 2006

Saiu o IBSN do NeuroNews

:: NeuroNews já tem IBSN ::

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Uns espanhóis inventaram o IBSN - Internet Blog Serial Number - para blogues, que é "primo" do ISBN para livros.
É muito fácil de registrar.

Para saber o que é o IBSN visite este link

Visão Interior

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Esta foto-montagem está no espaço de Andrew Mason, no Flickr.

Vocês não acham que o tronco cerebral está muito alto?

Fora a falta de exatidão anatômica, entretanto, a idéia foi interessante!

Link para outras fotos de Andrew Mason.

abril 13, 2006

Festival da Loucura de Barbacena

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O jornalista e escritor Zuenir Ventura descreve , na sua coluna do site No Mínimo, o mais inusitado dos festivais: o Festival da Loucura de Barbacena, que acaba de ter a sua primeira edição.

A cidade de Barbacena tem a fama de abrigar um grande número de doentes psiquiátricos, que de acordo com Zuenir Ventura, ali chegavam, no passado, em trens-daí a expressão "trem de doido", muito utilizada em Minas.

Agora, a prefeitura da cidade quer se livrar dos aspectos pejorativos e lucrar com o lado positivo e até turístico da loucura, inaugurando um Museu e promovendo essas festividades.

Link para o artigo de Zuenir Ventura no blog NoMinimo

abril 12, 2006

Estudo da Universidade de Harvard Liga Vírus de Epstein-Barr à Esclerose Múltipla

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Um estudo da Universidade de Harvard, que acompanhou pacientes durante um longo tempo, constatou a presença de níveis elevados de anticorpos contra o vírus de Epstein-Barr ( o mesmo que é responsável pela mononucleose infecciosa) já 20 anos antes das primeiras manifestações dessa doença neurológica.

Os autores citam estudos anteriores que também relacionavam esse vírus à esclerose múltipla, mas nenhum deles havia coletado sangue dos pacientes 20 anos antes do início dos sintomas.


Link
para o Press Release da Universidade de Harvard

Link para o trabalho completo nos Archives of Neurology

Curiosidades Sobre Carlos Chagas

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Carlos Chagas, o grande cientista brasileiro que descobriu a doença que leva o seu nome, é muito bem retratado nesta biografia online.

Segue um dos trechos mais pitorescos desse interessante artigo:

Voltando ao Rio, foi convidado a ir à Argentina, onde sua descoberta era colocada em dúvida por ninguém menos que Rudolph Kraus, diretor do Instituto de Bacteriologia de Buenos Aires. Kraus alegava ter encontrado em regiões da Argentina barbeiros com tripanossomos – sem a paralela ocorrência de casos. Chagas ponderou que o parasito talvez ainda não tivesse se adaptado aos seres humanos, ou – hipótese mais provável – que os médicos não estivessem familiarizados com o diagnóstico da doença.

Durante esta visita à Argentina ocorreu um incidente pitoresco. Chagas foi visitar o laboratório de Kraus e saiu de lá com um enorme sobretudo, que lhe chegava aos pés: era o sobretudo do próprio Kraus, que levara por engano. Chagas era o protótipo do cientista distraído, desses que até se transformam em personagens de anedotas. Uma vez, em sua própria casa, a empregada serviu-lhe um café. Ele tirou dinheiro do bolso e depositou-o na bandeja, "pagando" pelo café. Numa outra vez, recebeu a visita de um jovem médico que vinha, com a esposa, agradecer-lhe um favor e demorou mais que o habitual nessas visitas. Lá pelas tantas, Chagas, esquecendo que estava em sua própria casa, olhou as horas e disse à mulher: "Íris, está na hora de voltar para a casa". Mas sua distraçao chegou ao auge quando, numa cerimônia internacional em Bruxelas, recebeu do rei Alberto, da Bélgica, uma importante condecoração – esqueceu-a na mesa do banquete. Um ajudante-de-ordens do rei levou-a depois para o hotel.

Neste episódios ele poderia estar sendo vítima de seu próprio inconsciente, como diz Freud. Afinas, raras coisas são piores do que uma visita chata – e talvez ele não valorizasse tanto assim a condecoração real (ou não valorizasse como devia o próprio trabalho).

abril 10, 2006

Os Olhos São Enganados por Bolas "Com Efeito"

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Não culpe o goleiro que não consegue defender uma bola "com efeito". O sistema visual humano não parece ser equipado para seguir as curvas descritas por uma bola que gira rapidamente sobre o próprio eixo, diz Cathy Craig, uma psicóloga da Queen's University em Belfast.

Craig tirou a inspiração para a sua pesquisa de um gol que o jogador Roberto Carlos marcou para o Brasil em 1997. "Todos pensavam que a bola passaria ao largo, mas no último minuto, ela fez uma curva".

Ela decidiu testar se jogadores experientes seriam capazes de seguir as trajetórias de bolas que giravam sobre o próprio eixo (bolas "com efeito"). Ela pediu aos jogadores que tentassem prever se as bolas terminariam no gol em ambientes de realidade virtual que simulavam bolas girando a 600 revoluções por minuto. Até mesmo os profissionais eram incapazes de prever como esse "efeito' afetaria a trajetória da bola.

A rotação da bola produz algo conhecido como uma força de Magnus, que acelera a bola numa direção que nós simplesmente não conseguimos processar, diz Craig. Nós podemos antecipar o efeito da gravidade sobre objetos em movimento, pois isso foi importante durante a evolução. "Mas bolas "com efeito" não ocorrem naturalmente. Por que a natureza se incomodaria em produzir um sistema visual que fosse adaptado a elas?" diz Craig.

Fonte: Edição 2541 da revista New Scientist, 3 de março de 2006, página 19.

Idéias de Miguel Couto Sobre a Educação: Mais Atuais do que Nunca!

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Transcrevo, abaixo, um texto do ilustre médico brasileiro Miguel Couto (1864-1934). Nele, esse ícone da medicina brasileira discorre sobre a importância da educação para o sucesso de uma nação:

A IGNORÂNCIA REPRESENTA ATRASO, POBREZA E INFERIORIDADE DE UMA NAÇÃO

Estão todos os historiadores acordes em atribuir o êxito mundial do império asiático à educação do povo. Gustavo Le Bon conta no seu admirável Le désequilibre du monde: "Quando no dia 27 de Maio de 1905 a grande esquadra do império russo foi completamente destruída em algumas horas, em Tsoushima, pelos encouraçados japoneses, o estupor foi universal; com efeito, subitamente se tornava evidente que, contra todas as idéias circulantes, o ínfimo Japão, conhecido apenas há meio século, tornara-se uma grande potência. Aliás, em todas as batalhas anteriores, os russos, conquanto sempre mais numerosos, haviam sido invariavelmente batidos. Perguntando ao então embaixador japonês em Paris, o Sr. Motono, qual a causa desta superioridade, respondeu-me o eminente homem de Estado: "O desenvolvimento atual da minha Pátria é fruto da educação ministrada ao povo quando um levante o tirou há pouco do feudalismo. Esta educação, inteligentemente escolhida, foi orientada para desenvolver também a qualidade de caráter legado por nossos avós".

O célebre e fértil escritor japonês Kamakami insiste neste conceito no seu livro intitulado "The real japanese question". "Ninguém contesta que os japoneses têm no seu país uma insaciável sede de educação, e que para aonde emigram levam consigo este anseio de conhecimentos". Já o inspetor da imigração na Califórnia Antone Scar observara que "os rendeiros japoneses podem ter a seu serviço trabalhadores brancos e aproveitar-lhes os filhos nos trabalhos, porém, os seus próprios filhos esses enviam religiosamente ao colégio e nada há que prevaleça a este dever". É a mesma observação do publicista Ray Stannard Baker: "Os japoneses em Haway, apaixonados pela educação, mandam os seus filhos para a escola até os verem inteiramente preparados throughly prepared).

Ora, se com o sucesso feliz que assombrou o mundo o Japão imitou a Alemanha, exemplário das virtudes da cultura em todos os departamentos do saber humano, por que não seguirmos nós o modelo do grande Império do Sol Levante? (...)

A sentença de Maurus precisa ser ampliada - não são só os livros que têm os seus fados, são também os povos. Entretanto, como se salvou o Japão quando lhe cobiçaram o território? Pela educação do povo. Como nos salvaremos nós., Com a cultura do povo, porque da cultura nasce a ambição, da ambição a atividade, da atividade a riqueza, da riqueza multiplicada a fortuna coletiva, e desta a confiança, a força, a durabilidade, a coesão.

Há um grupo social que não chega a formar uma raça, nem uma nacionalidade, e só em torno da fé religa os seus membros, esparsos pelo universo. Escorraçados de toda parte, como o Ashaverus da lenda, perseguido e martirizado, ele não só resiste há dezenas de milhares de anos ao aniquilamento, como impõe aos seus perseguidores a submissão de lhe obsecrar a esmola no momento amargo das aperturas. Por que? Porque o judaísmo exige o estudo como um preceito religiosos e nenhum judeu iletrado se conhece. Se cotejarmos as nações ignorantes e as cultas em igualdade ou proporção de habitantes, chegamos fatalmente ao seguinte postulado: O progresso de um país está na razão direta da cultura do povo.(...)

Não há, pois, mais rendoso emprego dos dinheiros públicos do que o destinado à cultura, assim como a ignorância representa o primeiro e maior fator do atraso, da pobreza e da inferioridade de qualquer nação.

Link para outros textos escolhidos de Miguel Couto

abril 09, 2006

Família Turca Caminha de Quatro!

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A família Ulas, da Turquia, foi o assunto de um documentário da BBC; vários de seus membros são incapazes de caminhar de pé, tendo se comportado como verdadeiros quadrúpedes durante toda a vida.

Nenhum dos cientistas que visitaram essa família acreditou estar diante de um trote. "Nem o melhor ator do mundo conseguiria imitar essa família", disse o professor Nicholas Humphrey, um psicólogo evolucionista da London School of Economics, cujas visitas foram filmadas para o documentário da BBC.

A família Ulas impressionou o mundo devido à possibilidade de que os seus membros fossem uma espécie de "fósseis vivos", exemplares de carne e osso de uma criatura ancestral que, quatro milhões de anos atrás, andava de quatro pela Terra, antes de passar a ficar de pé e eventualmente se tornar humana como nós.

A primeira vez que essa família chamou a atenção dos cientistas foi em 2004, quando o Dr. Osman Demirhan, um geneticista da Universidade de Cukurova, no sul da Turquia, leu um artigo de jornal sobre ela e foi atrás da estória. Demirhan estava pesquisando defeitos genéticos raros que surgem com casamentos consangüíneos. Ele alertou um colega da Universidade, o professor Uner Tan. A sua opinião era de que os irmãos retardados falavam a sua própria "língua primitiva", e tinham pouca habilidade manual. Ele sugeriu que isso seria uma evidência de que eles seriam "regressões evolutivas". Tan batizou essa condição com o seu próprio nome (síndrome de Uner Tan). A família é composta de muçulmanos que não acreditam na evolução das espécies e acham essa teoria de Tan inaceitável.

O Professor Humphrey acredita que tanto a genética quanto o ambiente contribuíram para esse quadro: "A minha impressão é que um defeito genético expôs um atavismo e eles redescobriram ou reinventaram uma maneira antiga de caminhar". Todos os 5 irmãos têm um defeito no gene 17p, localizado no cromossomo 17. Eles apresentam uma ataxia cerebelar, confirmada por ressonância magnética funcional. Um deles, entretanto, chamado Gulin e com 34 anos, tem a mesma mutação genética, atrofia cerebelar e retardo mental, mas pode caminhar normalmente. Isso parece indicar que apenas as alterações orgânicas são insuficientes para determinar o quadrupedalismo; fatores ambientais parecem ser também cruciais.

Link para o artigo de Nicholas Humphrey -LSE Research Online: Discussion paper-Human hand-walkers : five siblings who never stood up (PDF)

abril 08, 2006

Existe Uma Epidemia de Hiperatividade ?

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Este comentário foi postado por Daniela Klebis no Blog ComCiência, da SBPC:


Uma pesquisa divulgada no início do ano pelo Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), constatou que entre os anos de 2000 e 2004 a venda do metilfenidato, indicado para o tratamento de crianças hiperativas, teve um expressivo crescimento de 940%. Embora não haja explicação concreta, alguns especialistas creditam o aumento à melhor divulgação do transtorno pela mídia, enquanto que outros o consideram um reflexo de investimentos da indústria farmacêutica no marketing do produto.

“Não há nada que justifique um pico tão alto como esse, não se trata de uma pandemia”, comenta Antônio Barbosa, Coordenador do Idum e membro do Conselho Federal de Farmácia. Segundo ele, é comum aumentar a venda de alguns remédios sazonais, como os para a gripe nos meses de inverno, ou em situações emergenciais, como uma pandemia. Mas este não é o caso do metilfenidato. “Não foram os médicos que resolveram mudar seus procedimentos. Vemos que existe uma forte ação dos laboratórios sobre esses profissionais. Indiretamente, a prescrição é feita por essa propaganda”, reforça Barbosa.

Segundo ele, o ideal seria que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) agisse quando acontecem esses picos na venda de certos remédios, regulamentando as ações dos médicos e das indústrias. “O que consideramos mais grave neste caso é a falta de responsabilidade social, especialmente em se tratando de medicamentos para crianças”, diz.

O Transtorno de Déficit de Atenção - Hiperatividade (TDAH) é uma perturbação mental de base neurobiológica caracterizada pela desatenção, hiperatividade e a impulsividade. Nos últimos anos houve um crescente interesse da mídia em divulgar o TDAH. Por um lado, isso ajudou muitos pais a compreenderem o problema e ajudarem no tratamento dos seus filhos, entretanto, também banalizou o diagnóstico. “Hoje se rotula muito. Em uma sala de aula, metade das crianças é considerada disléxica e a outra metade, com TDAH. Parece que os normais estão fora da escola”, aponta a neurologista Sylvia Ciasca, pesquisadora do Departamento de Neurologia da Unicamp.

Tanto a escola como as instituições de saúde estão lidando com um conceito extremamente complexo de uma forma banal, sem muito rigor e “os laboratórios começaram a investir nesse filão”, lamenta a neurologista da Unicamp. A postura agressiva que a indústria farmacêutica tem assumido para aumentar a venda do medicamento acentua esse quadro preocupante.

Sylvia Ciasca coordena um grupo multidisciplinar de pesquisas sobre o TDAH em crianças, no Hospital das Clínicas da Unicamp, e alerta que o tratamento com o remédio só é eficiente se a criança tiver acompanhamento integral de outros profissionais, como psicólogos e pedagogos. “Nós não medicamos a criança sem que ela esteja inserida em um sistema multidisciplinar de tratamento. O acompanhamento facilita o parar de tomar o remédio”.

Márcia Maria de Toledo, psicóloga da equipe, explica que o tratamento depende ainda da idade da criança. “Na idade pré-escolar, a criança ainda está aprendendo habilidades sociais, nesse caso, o tratamento é mais voltado para os pais e professores e, de preferência, sem medicações”. A partir dos sete anos, Toledo defende que a criança tenha um tratamento multifacetado, que envolva os profissionais da saúde com os pais e os professores, que precisam atuar como co-terapeutas.

Em alguns casos, no entanto, a psicóloga acredita que o remédio seja imprescindível. “Mas ele tem que ser usado por pouco tempo, até a criança aprender a viver sem a medicação. O remédio só remove o sintoma”, adverte.

O metilfenidato age reduzindo os três sintomas básicos do transtorno: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Os efeitos colaterais conhecidos são a diminuição do sono e do peso, além de dores de cabeça. Mas eles devem ser passageiros e suportáveis, caso contrário, a medicação precisa ser suspensa pelo médico. O remédio é eliminado do organismo em aproximadamente cinco horas.

O neurobiologista César de Moraes defende a necessidade do medicamento, independente de haver ou não acompanhamento. “Embora o ideal seja que a criança tenha um tratamento integral, com profissionais de diversas áreas atuando em conjunto, o risco de não tratar é muito maior que o risco de tratar somente com o medicamento. O metilfenidato, apesar de não curar, ajuda a melhorar os sintomas”. De acordo com ele, metade das crianças leva o transtorno para a vida adulta.

A Novartis, um dos laboratórios que fabrica o medicamento, acredita que o aumento das vendas se justifica pelo maior conhecimento dos profissionais da saúde sobre o transtorno e considera que, mesmo assim, o número de pacientes medicados é ainda muito pequeno. Segundo informou a assessoria de imprensa da indústria, eles estimam que 25.000 pacientes tenham sido tratados em 2005, mas, em contrapartida, dados de prevalência da doença (3% a 6% em crianças e 2% em adultos) apontam para cerca de 4 milhões de pessoas com TDAH no país. “Portanto, ainda que tenha havido aumento nas vendas, existem milhões de pacientes não diagnosticados ou não tratados”, informa.

Isso dá o que pensar, não é ?

Link para o artigo do ComCiência

Fotopigmento de Algas Pode Devolver a Visão a Ratos Cegos

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Quando os neurônios visuais degeneram no olho, não há tratamento possível. Mas um novo estudo traz um pouco de esperança. Ratos injetados com uma proteína receptora de luz encontrada em algas parecem recuperar alguma habilidade de processar informações visuais.

Os fotoreceptores convertem a luz em impulsos elétricos que são enviados ao cérebro através dos neurônios da retina. Se esses fotoreceptores forem danificados ou destruídos-como acontece, por exemplo, na retinite pigmentosa- os neurônios retinianos ficam sem sinais para transmitir, e a visão é perdida. Zhuo-Hua Pan, um neurocientista especializado em visão, que trabalha na Wayne State University em Detroit, Michigan, começou a se perguntar se não haveria uma maneira de fazer com que os neurônios retinianos agissem mais como fotoreceptores.

Um gene de foto-pigmento de algas, recém-clonado, pareceu a Pan bom ponto de partida. O foto-pigmento permite que as algas detectem luz, e como ele é codificado por um único gene, é fácil incorporar o DNA a um vírus. Pan e seus colegas injetaram o vírus modificado nos olhos de ratos que não tinham fotoreceptores na retina. Três a quatro semanas após a injeção, o marcador fluorescente ligado ao gene coloriu os neurônios retinianos, indicando que eles estavam expressando o foto-pigmento. Normalmente, neurônios retinianos não transmitem sinais ao córtex visual em resposta à luz, mas estes neurônios o fizeram. E o efeito foi duradouro: pelo menos 12 horas após a injeção, os neurônios retinianos continuaram a disparar em resposta à luz, segundo relato de Pan em artigo publicado na revista Neuron de 6 de abril de 2006.

Será que esses sinais podem produzir visão útil? Pan e seus colegas ainda não sabem, pois eles ainda precisam fazer estudos comportamentais dos ratos, com a finalidade de testar a sua acuidade visual.

Resumo do trabalho publicado:

Ectopic Expression of a Microbial-Type Rhodopsin Restores Visual Responses in Mice with Photoreceptor Degeneration Anding Bi, Jinjuan Cui, Yu-Ping Ma, Elena Olshevskaya, Mingliang Pu, Alexander M. Dizhoor and Zhuo-Hua Pan

The death of photoreceptor cells caused by retinal degenerative diseases often results in a complete loss of retinal responses to light. We explore the feasibility of converting inner retinal neurons to photosensitive cells as a possible strategy for imparting light sensitivity to retinas lacking rods and cones. Using delivery by an adeno-associated viral vector, here, we show that long-term expression of a microbial-type rhodopsin, channelrhodopsin-2 (ChR2), can be achieved in rodent inner retinal neurons in vivo. Furthermore, we demonstrate that expression of ChR2 in surviving inner retinal neurons of a mouse with photoreceptor degeneration can restore the ability of the retina to encode light signals and transmit the light signals to the visual cortex. Thus, expression of microbial-type channelrhodopsins, such as ChR2, in surviving inner retinal neurons is a potential strategy for the restoration of vision after rod and cone degeneration.

Esta é, sem dúvida, mais uma esperança para os portadores de retinite pigmentosa e outras doenças semelhantes.

Link para o artigo completo no site da revista Neuron

abril 06, 2006

Empresa Usa Falsa Neurociência para Vender Toques de Telefone Celular

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Vejam só que coisa: uma pequena empresa americana, a Oasys Mobile, que vende toques de telefone celular, jogos e "papéis de parede " para celular encomendou uma campanha publicitária muito pouco convencional, que incluiu a criação de um falso site que fala sobre uma pesquisa científica imaginária que teria descoberto toques de celular afrodisíacos, os "pherotones" (trocadilho com a palavra inglesa "pheromones", ou seja, ferormônios, em português ).

O falso site tem até uma falsa pesquisadora, a Dra. Myra Vanderhood, que é na verdade uma atriz contratada para a campanha publicitária.

Há ainda, no site, uma filme muito cômico que seria uma "prova" do efeito afrodisíco dos "pherotones". Nesse vídeo, um noivo sai do altar, durante o casamento, para se atracar com outro homem cujo telefone celular estava tocando um "pherotone".

Durante essa campanha, os publicitários chegaram até mesmo a criar uma entrada para "pherotones" na enciclopédia online Wikipedia, que tem verbetes escritos por milhares de internautas anônimos; essa entrada foi retirada em 15 dias, depois que se descobriu que continha somente informações falsas.

A campanha não engana ninguém, pois o site dos "pherotones" é propositalmente exagerado e cômico; mesmo assim, será que é válido brincar assim com o consumidor?

Link para a o site pherotones.com

abril 05, 2006

Sobre Mulheres e Raposas

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O cérebro da mulher é menor do que o do homem: em média, o cérebro masculino pesa 1,25 kg; o feminino, 100 gramas a menos. Quais seriam as explicações para isso?

Uma resposta inusitada é proposta no site do Times, num artigo escrito por Terence Kealy, da Universidade de Buckingham, Inglaterra.

Kealy descreve o trabalho do geneticista russo Dmitri Belyaev, que criou raposas selvagens a partir de 1959, sempre selecionando os filhotes mais amistosos e agradáveis do ponto de vista dos humanos.

Após 35 gerações, nas quais Belyaev só permitia a reprodução das raposas mais amistosas, ele obteve animais bem diferentes das ariscas e amedrontadas raposas selvagens: como os cães domésticos, essas raposas abanavam as suas caudas, latiam como cães e pediam carinho aos humanos. E os cérebros dessas raposas eram menores.

De acordo com Kealy, todos os animais domesticados têm cérebros menores do que os seus equivalentes selvagens e também menores níveis de hormônios ligados ao estresse, juntamente com uma maior inteligência emocional.

Perigosamente, esse autor chega a sugerir que os cérebros das mulheres são menores porque elas teriam sido "domesticadas" pelos homens! Em outras palavras, os homens, sempre escolhendo as mulheres mais dóceis e afetuosas, teriam feito como o russo Belyaev fez com as raposas...

Ao final do artigo, entretanto, Kealey lembra que Lawrence Summers, reitor da Harvard, perdeu o seu cargo ao sugerir que as mulheres não seriam capazes de alcançar os mesmos cargos que os homens na Universidade, e decide encerrar suas conjecturas!

Agora, o mais provável mesmo é que o menor tamanho médio do cérebro feminino reflita apenas o menor tamanho médio das mulheres. Devemos nos lembrar que não apenas o cérebro feminino é menor, mas também o fígado, os pulmões, o coração, etc.

Link para o artigo no Times (não levem muito a sério...)

abril 04, 2006

A Estranha Doença do Homem que Tomou 40.000 Pílulas de Ecstasy

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No site do jornal The Guardian há uma matéria sobre um homem inglês de 37 anos que ao longo de 9 anos consumiu 40.000 pílulas de ecstasy. Ele já parou o uso da droga há sete anos, mas ainda apresenta severos problemas de memória, paranóia, alucinações e depressão.

Há uma suspeita de que os efeitos deletérios do ecstasy podem ser causados pela interferência com o metabolismo normal da serotonina, uma substância cerebral envolvida na regulação da memória e do humor. Não se sabe, entretanto, se essas alterações são permanentes, por lesões neurotóxicas, ou apenas transitórias. Esse e outros casos semelhantes podem ajudar a responder essa pergunta.


Link
para o artigo do The Guardian

abril 01, 2006

Isto é que é Controle Motor!

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Vejam só que interessante este vídeo de Break Dance com os dedos!

A artista, que demonstra o incrível controle motor da sua mão direita, parece ser a irmá do cinegrafista amador...

Link para o vídeo.

O Cortisol Reduz o Medo e a Ansiedade?

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Em situações de estresse, o nosso organismo libera cortisol; até hoje, entretanto, esse hormônio tem sido associado apenas a efeitos maléficos, já que pode produzir aumento da pressão arterial, diabetes e susceptibilidade aumentada às infecções.

Um trabalho publicado nesta semana nos Proceedings of the National Academy of Sciences pelo cientista suíço Dominique de Quervain, entretanto, mostra um potencial lado benéfico dessa liberação de cortisol durante situações de estresse e medo: voluntários com fobia de falar em público foram tratados com cortisol ou placebo antes de se apresentarem perante uma platéia e pessoas com medo de aranhas foram expostas a figuras de aracnídeos também sob efeito do hormônio real ou de uma pílula de açúcar. Em ambos os casos, os escores de medo caíram substancialmente apenas com o cortisol!

Mais estudos são necessários para que se saiba se o cortisol, combinado com psicoterapia, poderia resultar num tratamento mais eficiente para as fobias.

Link para o site do Dr. De Quervain