Main

maio 25, 2009

O Lobotomista

Este é um documentário da PBS, agora com legendas em português. O Dr. Walter Freeman foi um dos pioneiros da psicocirurgia, juntamente com o português Egas Moniz. O problema é que Freeman levou a ténica a extremos...

agosto 07, 2007

Acesso Gratuito a Revistas de Psicologia

Para aqueles que não têm acesso institucional gratuito a revistas:
De 1 de agosto a 30 de setembro de 2007, todas as 36 revistas da Editora Sage estarão com acesso gratuito (é preciso fazer um registro).
Leiam o International Journal of Behavioural Development, Group Processes and Intergroup Relations, Applied Psychological Measurement and Personality and Social Psychology Review ...

Link para o site de registro.

abril 12, 2007

Amnésia Global Transitória

64777-transient-global-amnesia.gif

Acabo de presenciar um caso de amnésia global transitória (AGT) numa pessoa idosa. Trata-se de um quadro de etiologia controversa, no qual o paciente apresenta perda súbita da capacidade de reter novas memórias, o que geralmente perdura por 3 a 12 horas. Geralmente o ataque é súbito e ocorre após esforço físico (no caso que presenciei, hiperventilação devida a uma situação estressante).
Durante a crise, o paciente pode mover todos os membros, conversa normalmente, pode até realizar tarefas complexas, como dirigir um automóvel; entretanto, fica perplexo com o fato de que não se lembra do que ocorreu nos últimos minutos, e pergunta coisas do tipo: "Como vim parar aqui?". Depois de ouvir a resposta, não a retém e logo repete a mesma pergunta...
Os pacientes com AGTgeralmente se recuperam totalmente e o quadro não costuma se repetir; não há associação com risco aumentado de acidente vascular cerebral.
A AGT é muito interessante do ponto de vista científico, pois comprova o papel do hipocampo e outras estruturas a ele relacionadas nos processos de memória : em alguns pacientes, exames de neuro-imagem mostram alterações da perfusão sangüínea do hipocampo durante o ataque.
Embora o quadro seja benigno, a experiência de perder a memória pode ser muito assustadora; nós geralmente nos vemos como seres unitários, mas na verdade dependemos de múltiplos processos neurais simultâneos, que em úlima análise constroem, a todo instante, o nosso "eu"...

março 22, 2007

Lesões Cerebrais Podem Causar Escolhas Morais Anormais

damasio2.jpg

A equipe do neurocientista português Antônio Damasio descobriu que lesões numa área do cérebro ligada às emoções, o córtex pré-frontal ventro-medial, pode levar os humanos a adotarem comportamentos contrários à moral, embora bastante pragmáticos.

Por exemplo, o que você faria se estivesse numa guerra e, estando escondido com outras pessoas numa casa, esta fosse invadida pelos soldados inimigos e o seu bebê começasse a chorar? O racional seria você matar o seu bebê para salvar a si próprio e a todos os demais...

Mas você não faria isso, por ser um ato contrário a todos os princípios morais; já indivíduos com lesão do CPFVM não hesitariam em matar a criança. Pelo menos isso foi o que esses pacientes disseram ao Dr. Damasio ao serem confrontados com essas situações hipotéticas durante a pesquisa.

O resumo e a referência bibliográfica do trabalho do Dr. Damasio e colaboradores estão online no site da revista Nature.

fevereiro 25, 2007

A Busca do Esquecimento

Após eventos muito traumáticos, algumas pessoas desenvolvem o distúrbio de estresse pós-traumático. O professor Roger Pitman, da Harvard University, está testando métodos farmacológicos para amenizar essas memórias; o propranolol seria uma das drogas que poderiam interferir com o processo de consolidação das memórias traumáticas, tornando-as menos vívidas.
Encontrei um vídeo e uma reportagem sobre o Dr. Pitman e os seus estudos.

fevereiro 01, 2007

Como Uma Neurocientista Brasileira Aprendeu Dormindo Uma Tradição Indiana Milenar...

Muito interessante o relato da pesquisadora brasileira Suzana Herculano-Houzel sobre como aprendeu, em sonhos, a vestir o sári, a complicada roupa feminina indiana...
Esse tipo de acontecimento dá apoio à hipótese de que, durante o sono ,reorganizamos e refinamos o que aprendemos durante o dia...
O blog da Suzana pode ser acessado clicando AQUI.

janeiro 21, 2007

O Hipocampo Também "Imagina" Acontecimentos Futuros

hippocampus.jpg

Classicamente, o hipocampo, uma pequena estrutura situada profundamente em cada um dos lobos temporais do cérebro, tem sido considerado essencial para a formação de novas memórias e recordação de eventos passados. Isso foi muito bem ilustrado pelo caso do paciente H.M., que teve lesão bilateral do hipocampo e passou a apresentar uma espantosa amnésia anterógrada.
Agora um grupo de pesquisadores britânicos demonstrou que pacientes com esse tipo de lesão também têm dificuldades para imaginar eventos futuros!
Esse trabalho está disponível para download no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

janeiro 06, 2007

Afinal, Existe ou Não o Livre Arbítrio?

free.395.1.jpg

Muito interessante este artigo do New York Times sobre o livre arbítrio; alguns experimentos recentes sugerem que a nossa consciência poderia ser comparada a um macaco, que sentado sobre um tigre, acredita ser o responsável por todos os atos deste último, quando na realidade é um prisioneiro passivo , não podendo ir aonde bem entende, mas apenas aonde o tigre o leva; o tigre seria o nosso sistema nervoso...
Intrigante, este é um assunto limítrofe entre a neurociência e a filosofia.

julho 29, 2006

As Evidências Científicas Sugerem que o Talento é Criado, e não Inato

Kasparov.JPG

Há um excelente artigo online da revista Scientific American, sobre a "drosófila da ciência cognitiva", o xadrez.

A habilidade dos enxadristas tem sido estudada sistematicamente, pois pode ser medida de maneira confiável e no seu hábitat natural, o tabuleiro. Outras habilidades, como as de prodígios musicais, médicos talentosos, esportistas e outros são extremamente difíceis de quantificar e portanto resistentes a uma análise mais científica.

O artigo mostra várias evidências científicas de que o talento enxadrístico parece ser muito mais o resultado de um estudo contínuo do jogo do que de habilidades mentais inatas!

Esses achados confirmam a Regra dos 10 Anos, proposta por Herbert Simon, segundo a qual são necessários pelo menos 10 anos de estudo de um campo do conhecimento para que um indivíduo se torne um especialista no assunto. E é necessário que o aluno esteja sempre motivado a buscar realizações acima da sua capacidade em cada momento, pois do contrário ele deixará de fazer progressos; isso explica como jogadores amadores de tênis, por exemplo, podem ficar por 20 anos numa condição técnica de média habilidade.

László Polgár, um educador húngaro, ensinou xadrez em casa às suas três filhas, exigindo até seis horas de estudo do jogo por dia, criando uma mestra internacional e duas grandes mestras--o mais forte grupo de irmãos jogadores de xadrez de que se tem notícia. A caçula das irmãs Polgár, Judit, de 30 anos, é atualmente a número 14 do mundo!

O experimento de Polgár comprovou duas coisas: que grandes enxadristas podem ser produzidos pelo estudo contínuo do jogo e que as mulheres também podem ser grandes-mestras.

julho 24, 2006

Será que Homens e Mulheres Vêem as Cores de Maneira Diferente?

bluegreen.jpg
Um comentário no brahblog diz que poderia haver uma diferença mais sutil no modo como homens e mulheres vêem as cores, além da clássica história do daltonismo e das diferenças nos fotopigmentos dos cones.

Eu acho que o autor está equivocado, e ele não cita nenhuma referência bibliográfica, mas vejam vocês mesmos...

julho 12, 2006

Um Caso de Episódios Recorrentes de Déjà Vu

deja.jpg

O New York Times traz um excelente artigo sobre uma senhora de 77 anos com episódios recorrentes de déjà vu e déjà vécu, que são aquelas sensações, que todos nós experimentamos raramente, de já termos vivido uma situação antes, quando na verdade ela está ocorrendo pela primeira vez...

Aqui vai o link para o artigo no New York Times.

Vejam também os comentários do blog Mind Hacks.

junho 11, 2006

Como o Cérebro Bilíngüe "Troca de Canal"

funnysign.jpg


Durante alguns anos, eu trabalhei como professor de inglês. Sempre postulei que, de alguma forma, o cérebro precisa "trocar de canal" quando mudamos de uma língua para a outra; acho, até, que algumas pessoas têm dificuldades para aprender uma segunda língua por nunca deixarem de fazer correlações entre a língua materna e a estrangeira-é como se não "sintonizassem a estação" corretamente, permitindo interferências contínuas entre os idiomas.

Mas em que parte do cérebro ocorre essa "mudança de canal"? Um estudo que aparecerá na revista Science da próxima semana pode ajudar a elucidar esse mistério.

Até recentemente parecia que, para o cérebro, todas as línguas seriam a mesma coisa: quer o diálogo se desse em alemão ou em inglês, os falantes fluentes do idioma pareciam usar sempre as mesmas áreas do cérebro, segundo os achados de estudos de ressonância magnética funcional.

No estudo que será publicado na Science, foi visto que as mesmas áreas corticais-particularmente áreas do córtex temporal esquerdo-são ativadas de modo semelhante pelo alemão e pelo inglês. Entretanto, a neurocientista Cathy Price, do University College de Londres, juntamente com colegas alemães e japoneses, deduziu que deveria haver algum local no cérebro que diferenciasse o Deutsch do English, por exemplo. Esses pesquisadores procuraram esse "seletor de canais" neural.

Os pesquisadores mostraram aos voluntários pares de palavras, uma após a outra, por exemplo, "trout", seguida de "salmon". Neste caso, as palavras têm significados semelhantes, e regiões de linguagem no córtex temporal responderam fracamente à segunda palavra, como se reconhecessem que "salmon" não era grande novidade.
As mesmas regiões responderam de maneira semelhante a palavras equivalentes em línguas diferentes, respondendo fracamente a "salmon" depois de verem a palavra alemã equivalente "lachs". Como nos trabalhos anteriores, foi visto que essas regiões corticais parecem se preocupar apenas com o significado das palavras, independentemente da língua.

Mas uma região profunda do encéfalo, o núcleo caudado esquerdo, registrou as mudanças de língua, respondendo fortemente à palavra "salmon", quando precedida por "lachs", mas apenas fracamente quando precedida por "trout". O caudado esquerdo registrou as mudanças de língua também para outros pares de palavras equivalentes alemão-inglês, bem como para pares inglês-japonês.


Esses achados, juntamente com evidências clínicas de pacientes bilíngües com lesão do núcleo caudado esquerdo, que passaram a ter uma tendência à troca involuntária de idioma, sugerem que essa região do cérebro auxilia na seleção da língua a ser utilizada..

Link para o trabalho na revista Science (é preciso ser assinante!)

maio 26, 2006

Tecnologia "Big Brother" Tenta Desvendar o Desenvolvimento da Linguagem

cute_baby.jpg

O professor Deb Roy, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) está registrando
o desenvolvimento do seu filho para lançar novas luzes sobre o problema da aquisição
da linguagem em bebês.

O experimento, conhecido como Human Speechome Project (um trocadilho com Human Genome Project), usa câmeras e microfones instalados na casa do cientista.

O projeto deverá gerar 400.000 horas de material a ser analisado.

"Como todo pai-coruja sabe, não se pode falar em exagero quando se trata de tirar fotos e fazer filmes do próprio filho", disse o professor Roy numa conferência com a Imprensa.


Leia mais no site da BBC News

maio 13, 2006

Neurociência e Psicanálise Segundo Kandel

kandel.jpg

No ano 2000, Eric Kandel, um professor da Universidade de Columbia e investigador sênior do Howard Hughes Medical Institute, ganhou um prêmio Nobel pelo seu trabalho sobre aprendizado e memória.

Mas a paixão inicial de Kandel foi a psicanálise, e ele é um antigo defensor da junção dos campos, há muito divididos, da neurociência e psicologia. Diz ele: "eu queria descobrir onde ficavam, no cérebro, o ego e o superego." O seu livro sobre esse assunto, In Search of Memory, chegou às livrarias este mes.

Kandel, atualmente com 76 anos, concedeu uma entrevista à revista Newsweek.

Link para a entrevista.

maio 06, 2006

Pessoas Obesas Percebem Que São Gordas?

fat-man.gif
De acordo com um estudo da Universidade da Carolina do Norte (E.U.A.), apenas 15 % das pessoas obesas têm a percepção correta do seu excesso de peso.

Os pesquisadores recrutaram 104 homens e mulheres brancos e pretos com idades entre 45 e 64 anos. Os voluntários primeiro responderam questões sobre suas alturas e pesos e então foram submetidos a medições.

As medidas tomadas classificaram aproximadamente um terço do grupo em cada uma das categorias: normal, sobrepeso e obesidade.

Os pesquisadores calcularam o índice de massa corporal (IMC) estimado e real para cada um dos participantes. O IMC é uma medida de saúde que leva em consideração o peso e a altura do indivíduo. IMCs abaixo de 18,5 são considerados baixo peso, e aqueles que caem entre 18,5 e 24,9 são considerados normais. IMCs de 25 a 29,9 indicam sobrepeso, e acima de 30 significam obesidade.

Os pesquisadores verificaram que as medidas relatadas pelos voluntários e as tomadas em laboratório eram praticamente idênticas, mas quando foram solicitados a caracterizarem o seu estado de peso-de magro a obeso-apenas 70 por cento dos indivíduos o fizeram de maneira precisa. Quando erravam, as pessoas com peso normal tendiam a se achar gordas; inversamente, as pessoas gordas, quando se equivocavam, tendiam a fazer arredondamentos para menos, declarando-se com peso normal.

Esses achados são preocupantes, pois se um indivíduo acima do peso não sabe que tem um problema, ele não dará atenção às campanhas contra a obesidade.


Veja mais
no site ScienceNews

Calcule o seu IMC

abril 30, 2006

Plágio ou "Memória Fotográfica"?

kaavya.jpg

Kaavya Viswanathan, uma aluna da Universidade de Harvard, de origem indiana, publicou um romance intitulado How Opal Mehta Got Kissed, Got Wild, and Got a Life . Acontece que o livro tem 29 trechos praticamente idênticos a outros, de autoria de outra romancista, Megan McCafferty.

Kaavya está sendo acusada de plágio, mas insiste em que a cópia foi totalmente inconsciente e involuntária; ela argumenta que possui uma "memória fotográfica" e nunca toma notas em sala de aula, por exemplo. Após ler diversos livros de McCafferty, os trechos teriam ficado armazenados no seu inconsciente, sendo depois reproduzidos, literal e...involuntariamente!

Este é um bom momento para uma discussão do assunto "memória fotográfica". Uma revisão do tema foi feita pelo sítio slate.com.

De acordo com a ciência, parece que ninguém tem a tal "memória fotográfica"-exceto, talvez, UMA pessoa: em 1970, um especialista em ciência da visão da Universidade de Harvard, Charles Stromeyer III, publicou um trabalho na revista Nature sobre uma estudante daquela universidade, chamada Elizabeth, que podia executar um feito espantoso. Stromeyer apresentara, ao olho direito de Elizabeth, um padrão de 10.000 pontos aleatórios; um dia depois, ele mostrara ao olho esquerdo da aluna um outro padrão de pontos aleatórios. Ela fora capaz de fundir mentalmente as duas imagens, formando um anaglifo de pontos aleatórios, e identificara uma imagem tridimensional flutuando acima da superfície do papel!

Elizabeth parecia ser a primeira prova irrefutável de que a memória fotográfica seria possível; mas então, num lance reminiscente de novela de televisão, ela se casou com o pesquisador e nunca mais voltou a ser testada...

Em 1979, outro pesquisador, John Merritt, cético dos resultados de Stromeyer, tentou replicá-los em muitos outros voluntários, recrutados dentre 1 milhão de pessoas que fizeram um pré-teste publicado em jornais; nenhum dos candidatos selecionados conseguiu repetir o feito de Elizabeth.


Leia mais sobre memória fotográfica no sítio slate.com

abril 28, 2006

Seriam os Ingleses Mais Inteligentes do que os Franceses?

QI.gif

Saiu no The Times de ontem: os ingleses estão festejando o resultado de um levantamentto do QI médio em diversos países da Europa. Os ingleses ficaram em oitavo lugar, bem à frente dos seus eternos rivais, os franceses, que terminaram em décimo-nono! As notícias só não são mellhores, do ponto de vista britânico, porque os alemães ficaram com a primeira posição...

De acordo com o professor Richard Lynn, da Universidade de Ulster, os britânicos têm um QI médio de 100; os franceses obtiveram 94. Os alemães alcançaram uma média de 107 (um QI de 81 a 115 é considerado "normal", mas pessoas muito inteligentes podem chegar a mais de 145).

O professor Lynn tem uma explicação evolutiva para essas diferenças: ele acredita que os povos dos países frios do norte da Europa precisaram caçar animais de grande porte e com isso ingeriram mais proteínas de alto valor biológico, o que teria resultado num maior desenvolvimento cerebral...O que vocês acham?

Link para o artigo do The Times

abril 24, 2006

Encontrada Área Cerebral Especializada na Leitura de Palavras

alphabetbrain2.jpg
Eu não disse que a frenologia estava voltando? Agora é a vez da área cerebral especializada na leitura de palavras, postulada pela primeira vez pelo neurologista francês Déjerine no final do século XIX.

Essa área, atualmente denominada visual word form area (VWFA), é localizada nas regiões posteriores do hemisfério cerebral esquerdo e mostra atividade, pela ressonância nuclear magnética funcional, quando o indivíduo lê; os céticos, entretanto, argumentam que ela também se ativa com outras tarefas, tais como olhar para faces ou objetos.

O caso recente de um paciente que se submeteu a uma cirurgia para o controle da epilepsia, tratamento esse que lesou áreas cerebrais próximas à VWFA, entretanto, lançou uma nova luz sobre esse problema.

Os achados de experimentos realizados antes e depois da cirurgia parecem confirmar que essa área cerebral realmente é fundamental para a decodificação da palavra escrita; basta dizer que, antes da cirurgia, o paciente era capaz de ler qualquer palavra de até 9 letras em 600 milisegundos e após a lesão terapêutica demorava 10000 milisegundos (1 segundo!) para ler palavras de 3 letras, precisando de mais 300 milisegundos para cada letra adicional...Parece que ele agora tem que ler uma letra de cada vez!

Este caso foi relatado por Laurent Cohen et al. no número de 20 de abril de 2006 da revista Neuron.

abril 15, 2006

A Frenologia Está Voltando?

golestani.jpg

Franz-Joseph Gall (1758-1828) foi o expoente máximo da frenologia, uma pseudociência que afirmava que as saliências, ou bossas, do crânio seriam indicativas de um maior desenvolvimento das áreas cerebrais subjacentes; o maior tamanho de certas áreas cerebrais, por sua vez, estaria relacionado a habilidades específicas do indivíduo. Os frenologistas examinavam as saliências dos crânios dos seus clientes e assinavam laudos frenológicos em que sugeriam as principais vocações e habilidades especiais do examinado.

Depois de mais de um século de descrédito, a frenologia parece estar querendo fazer um retorno triunfal, agora não mais com medições do crânio, mas com medições da massa de estruturas cerebrais, com técnicas sofisticadas de ressonância magnética nuclear.

Neurocientistas do University College de Londres, por exemplo, acabam de anunciar resultados que indicam que os poliglotas têm mais substância branca numa área que processa sons no hemisfério cerebral esquerdo, o giro de Heschl.

O experimento envolveu falantes nativos do francês, numa tarefa na qual teriam que distinguir o "d" da sua própria língua do "d" pronunciado de modo diferente em Hindi. As diferenças estavam nos primeiros milisegundos das sílabas. Foi testada a velocidade com que os participantes processavam essa informação. Os participantes que identificavam mais de 80% dos sons corretamente foram testados, então, com outros sons acusticamente semelhantes.

Alguns dos mais rápidos nesse aprendizado conseguiam distinguir os sons dentro de poucos minutos, enquanto os mais lentos ainda tinham um desempenho medíocre após 20 minutos de treinamento.

De acordo com os autores do estudo, indivíduos que aprendiam rápido tinham "mais substância branca nas regiões parietais, especialmente a esquerda."

Eles concluem que essas diferenças morfológicas pré-existentes podem prever que o aprendizado será mais fácil para certos indivíduos (com mais substância branca nas regiões parietais), sem entretanto significar que outros, menos aquinhoados, seriam limitados por isso:

...morphology may in part explain how behavior is shaped across individuals due to preexisting differences in the amount of effort required to perform a task successfully, but such morphological differences do not determine behavioral limitations.

Um pouco contraditório, não?

Realmente me parece que a frenologia está querendo voltar...

Link para o trabalho completo de Golestani et al. na revista Neuron (PDF)

abril 05, 2006

Sobre Mulheres e Raposas

raposa.gif

O cérebro da mulher é menor do que o do homem: em média, o cérebro masculino pesa 1,25 kg; o feminino, 100 gramas a menos. Quais seriam as explicações para isso?

Uma resposta inusitada é proposta no site do Times, num artigo escrito por Terence Kealy, da Universidade de Buckingham, Inglaterra.

Kealy descreve o trabalho do geneticista russo Dmitri Belyaev, que criou raposas selvagens a partir de 1959, sempre selecionando os filhotes mais amistosos e agradáveis do ponto de vista dos humanos.

Após 35 gerações, nas quais Belyaev só permitia a reprodução das raposas mais amistosas, ele obteve animais bem diferentes das ariscas e amedrontadas raposas selvagens: como os cães domésticos, essas raposas abanavam as suas caudas, latiam como cães e pediam carinho aos humanos. E os cérebros dessas raposas eram menores.

De acordo com Kealy, todos os animais domesticados têm cérebros menores do que os seus equivalentes selvagens e também menores níveis de hormônios ligados ao estresse, juntamente com uma maior inteligência emocional.

Perigosamente, esse autor chega a sugerir que os cérebros das mulheres são menores porque elas teriam sido "domesticadas" pelos homens! Em outras palavras, os homens, sempre escolhendo as mulheres mais dóceis e afetuosas, teriam feito como o russo Belyaev fez com as raposas...

Ao final do artigo, entretanto, Kealey lembra que Lawrence Summers, reitor da Harvard, perdeu o seu cargo ao sugerir que as mulheres não seriam capazes de alcançar os mesmos cargos que os homens na Universidade, e decide encerrar suas conjecturas!

Agora, o mais provável mesmo é que o menor tamanho médio do cérebro feminino reflita apenas o menor tamanho médio das mulheres. Devemos nos lembrar que não apenas o cérebro feminino é menor, mas também o fígado, os pulmões, o coração, etc.

Link para o artigo no Times (não levem muito a sério...)

março 27, 2006

O Seu Cérebro é Mais Feminino ou Masculino?

faces2.jpg

São bastante discutidas as diferenças no funcionamento do cérebro masculino e feminino.

Pesquisas recentes mostram que, independentemente do seu sexo, o seu cérebro pode apresentar características de funcionamento que são, na média, mais observáveis nas mulheres ou nos homens.

Para saber se o seu cérebro está bem na média esperada para o seu sexo ou se tem algumas características mais comuns no sexo oposto, faça os testes online do site da BBC.

Link para os testes.

Link para matéria no site da Revista Galileu.

Link para descrição de pesquisas da Universidade de Brasília sobre diferenças entre o cérebro masculino e feminino.

março 25, 2006

Comportamento Agressivo e Criminoso: Geneticamente Determinado ?

fight.gif

Dois estudos recentes apontam para uma possível correlação entre a genética e a tendência de um indivíduo a apresentar comportamento agressivo ou mesmo criminoso. Esses trabalhos mostram que um gene que codifica uma enzima, a monoamina-oxidase A (MAO-A), poderia ser um fator na determinação da tendência ao comportamento agressivo. Essa enzima degrada substâncias neurotransmissoras como a serotonina, noradrenalina e dopamina, após um episódio estressante; assim, ela impede que esses neurotransmissores continuem agindo no sistema nervoso depois de resolvida a situação geradora do estresse.

No primeiro estudo, publicado na revista Science, Caspi e colaboradores demonstraram que homens com baixa atividade da MAO-A tinham maior probabilidade de apresentar comportamento anti-social em resposta a maus-tratos sofridos na infância.

Agora, Meyer-Lindenberg e colaboradores publicaram, nos Proceedings of the National Academy of Sciences desta semana, um estudo de neuro-imagem (ressonância magnética funcional) realizado com 142 homens saudáveis, sem histórico de doença mental ou abuso de álcool ou drogas. Esse estudo revelou que, nos indivíduos com baixos níveis de MAO-A, áreas cerebrais implicadas no controle das emoções e impulsividade, como o córtex do giro do cíngulo anterior, eram 8 % menores do que nos homens com níveis mais elevados da enzima. Além disso, quando esses voluntários observavam figuras de faces com expressões de raiva ou medo, havia maior ativação de uma área do cérebro ligada à agressividade, a amígdala.

Esses estudos fornecem mais uma peça do quebra-cabeças que é a variabilidade individual da chamada inteligência emocional, tema do célebre livro do mesmo nome, de Daniel Goleman. Segundo Goleman, tão importante quanto o Q.I., relativo aos aspectos puramente racionais da mente, seria a capacidade de controlarmos emoções potencialmente destrutivas. Essa capacidade, aliada a um Q.I. elevado, poderia significar o diferencial para uma carreira bem-sucedida de um profissional de alto nível; e pelo menos parte dessa qualidade tão desejável parece estar, afinal, ligada à expressão gênica de uma simples enzima: a MAO-A! Acho que ainda vamos ouvir falar muito dela...

março 18, 2006

Um Caso de Super-Memória

supermemory.jpg

O site ScienceNow relata o caso de A.J., uma moça que é capaz de se lembrar de tudo o que fez, em detalhes, para cada dia dos últimos 30 anos. Os neurocientistas cunharam o termo "síndrome hipermnéstica" para descrever o primeiro caso em que a memória domina toda a vida de uma pessoa.

Há aproximadamente 6 anos, o neurocientista James McGaugh da Universidade da Califórnia, Irvine, recebeu um e-mail dessa moça, então com 34 anos, pedindo ajuda. Ela descrevia a sua vida como "consumida pelo peso dessas memórias", que eram "contínuas, incontroláveis" e a levavam à "exaustão".

Num dos testes de memória aplicados pelos pesquisadores, A.J. foi capaz de se lembrar das datas das últimas 24 páscoas, e de tudo o que tinha feito nesses dias. Todas as datas, exceto uma, estavam corretas!

Os testes neuropsicológicos em A.J. demonstraram um Q.I. médio, mas uma memória autobiográfica perfeita. E vários estudos apontaram para uma deficiência do lobo frontal esquerdo, que é implicado no autismo, no transtorno obsessivo-compulsivo, e em problemas de linguagem.

Agora os pesquisadores farão testes com ressonância nuclear magnética para verificar se o cérebro de A.J. funciona de maneira diferente do normal.

Resumo do relato do caso na revista Neurocase:

A Case of Unusual Autobiographical Remembering

Elizabeth S. Parker A1, A2, Larry Cahill A3, James L. McGaugh A3

A1 Department of Neurology, University of California, Los Angeles, Irvine, USA
A2 Psychiatry & Neurology, University of Southern California, California, USA
A3 Center for the Neurobiology of Learning and Memory and Department of Neurobiology and behavior, University of California, Irvine, California, USA

Abstract:

This report describes AJ, a woman whose remembering dominates her life. Her memory is “nonstop, uncontrollable, and automatic.” AJ spends an excessive amount of time recalling her personal past with considerable accuracy and reliability. If given a date, she can tell you what she was doing and what day of the week it fell on. She differs from other cases of superior memory who use practiced mnemonics to remember vast amounts of personally irrelevant information. We propose the name hyperthymestic syndrome, from the Greek word thymesis meaning remembering, and that AJ is the first reported case.


Outro caso clássico de super-memória foi o do sr. Shereshevsky, um paciente do neuropsicólogo russo Luria.

março 12, 2006

Um Beija-Flor Nunca Esquece

beijaflor.gif

Classicamente, os elefantes têm levado a fama de "reis da memória" do mundo animal. Agora, entretanto, um animal muito menor está ameaçando esta crença popular: o beija-flor.

O beija-flor parece ser capaz de manter um registro de múltiplos aspectos das suas visitas a pelo menos oito flores diferentes durante vários dias, demonstrando um tipo de memória que tem sido classicamente atribuída apenas a humanos.

Estudos anteriores demonstraram que aves, ratos, e primatas podem lembrar onde eles viram um ítem ou evento, mas não está claro se eles podem lembrar quando o viram.

A questão do tempo é importante para o beija-flor, pois se ele retorna muito cedo à flor, ela pode ainda estar vazia; se ele volta muito tarde, outro beija-flor já pode ter sugado o néctar.

Biólogos da Universidade de Edinburgo testaram a memória do beija-flor. Usando oito flores artificiais, eles testaram três beija-flores selvagens machos nas Montanhas Rochosas Canadenses.

Os pássaros foram capazes de reconhecer a diferença entre as flores que eram reabastecidas com néctar a intervalos de 10 e 20 minutos, lembraram onde as flores estavam, e recordaram quando as haviam drenado por último. Na maior parte do tempo, os três pássaros retornavam às flores pouco depois que elas eram reabastecidas, e eram capazes de memorizar com precisão todas as suas visitas às flores ao longo do dia. Esse trabalho foi publicado da edição de 7 de março de 2006 da revista Current Biology.

Esses achados são ainda mais interessantes pois pensa-se que apenas os humanos têm memória de experiências pessoais únicas (memória autobiográfica), o que tem sido considerado um elemento-chave para a criação do sentido do "eu" (self). Se estudos futuros mostrarem que os beija-flores também podem se lembrar da qualidade do néctar, isso poderia por em dúvida a visão de que apenas humanos têm esse sentido, diz o psicólogo Jonathon Crystal da Universidade de Geórgia, Atenas.

Link para o trabalho completo na Current Biology

Link para essa notícia no site da revista Science

março 03, 2006

Os Chimpanzés "Dão Uma Mãozinha"

chimp.jpg

O altruísmo-ato de ajudar o próximo quando não se tem nada a ganhar-é tão raro no mundo animal que alguns pesquisadores acreditam que ele seja uma característica exclusivamente humana.

Até mesmo os chimpanzés, nossos parentes primatas mais próximos, não saem do seu caminho para pressionar uma alavanca que fornece comida a um indivíduo estranho (ScienceNOW, 26 de Outubro de 2005). Mas um novo estudo indica que os primatas não são sempre tão egoístas.

Os chimpanzés pareceram entender quando um humano estava em dificuldades e prestaram auxílio. Outro experimento do mesmo grupo de pesquisadores revelou uma sofisticada cooperação entre os chimpanzés, embora eles não tenham sido tão altruístas naquela situação.

Para o primeiro estudo, os psicólogos Michael Tomasello e Felix Warneken do Instituto max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, fizeram com que um tratador deixasse cair um lápis enquanto o chimpanzé o observava. Todos os três chimpanzés testados pegaram o lápis e o devolveram ao humano. O comportamento dos chimpanzés mostra que eles podem entender os objetivos de outrem e têm alguma motivação altruística, Tomasello e Warneken concluem na Science de 3 de março de 2006.

Mas os chimpamzés não foram páreo para bebês humanos, que responderam quase duas vezes mais rapidamente à mesma situação. Os bebês também pareceram concluir que ajuda era necessária em situações mais complicadas onde os chimpanzés ficavam perplexos, como quando alguém necessitava de auxílio para abrir uma gaveta para guardar umas revistas.

Num segundo estudo-publicado no mesmo número da Science-Tomasello e seus colegas Alicia Melis e Brian Hare sugerem que os chimpanzés podem colaborar uns com os outros de maneiras sofisticadas-pelo menos quando eles esperam um benefício potencial. Os pesquisadores colocaram comida numa plataforma armada de tal modo que os chimpanzés tinham que puxar ambas as extremidades de uma corda para obter o alimento. Quando as extremidades da corda estavam demasiadamente distantes uma da outra para que o chimpanzé pudesse puxá-las, ele abria uma porta e deixava entrar um outro chimpanzé, que o ajudava a puxar a corda e obter a comida. Quando tinham a escolha entre dois colaboradores prévios, os chimpanzés consistentemente escolhiam aquele que tinha sido mais eficiente na execução da tarefa de obtenção de comida.

Esses trabalhos permitem conclusões interessantes: que os chimpanzés podem ter algum tipo de comportamento altruísta; que eles podem solucionar problemas complicados de cooperação mútua; e que crianças muito pequenas têm uma programação genética não apenas para simplesmente imitar, mas também para ajudar.

Link para ScienceNow

Site
do Dr. Tomasello

Comentário de Silk sobre esses trabalhos (Science Perspectives)

fevereiro 18, 2006

O Hemisfério Cerebral Direito e a Noção do "Eu"

sciencenews.jpg

Excelente o artigo da Science News Online, sobre o papel que diferentes regiões cerebrais parecem ter na criação da auto-imagem (self-image).

Sabemos, por exemplo, que pacientes com lesões do hemisfério cerebral direito podem passar a não reconhecer os membros esquerdos como pertencentes ao seu próprio corpo!
Seria o hemisfério cerebral direito a sede do "eu"? Seria aí o centro responsável pela imagem corporal?

O assunto é controverso, e o artigo revê os principais pontos de discórdia entre os diferentes pesquisadores.

Estudos interessantes são lembrados, como, por exemplo, aquele realizado por Keenan, no qual indivíduos viam, na tela do computador, rostos que eram híbridos do seu próprio retrato com fotos de figuras famosas, como Bill Clinton e Marilyn Monroe. Eles deviam apertar uma de duas teclas conforme reconhecessem ali características do seu próprio rosto ou de uma pessoa famosa. Quando respondiam com a mão esquerda, os voluntários tendiam a reconhecer características próprias com muito mais freqüência; como o hemisfério cerebral direito comanda a mão esquerda, isso parece indicar um papel predominante do hemisfério cerebral direito no auto-reconhecimento...

Outra observação interessante foi feita por Feinberg num paciente que vivia a meio mundo de distância da sua família e que tinha o braço esquerdo paralisado devido a uma lesão do hemisfério direito. Ele insistia que o braço paralisado não era seu, mas do seu irmão! Quando Feinberg lhe perguntava o que significava para ele ter o braço do irmão ligado assim ao seu corpo, ele respondia, com a voz embargada de emoção: "Isso faz com que eu me sinta bem..."

Link
para o artigo da Science News Online

fevereiro 09, 2006

Treine o Seu Cérebro!

Exercícios mentais com a técnica de neurofeedback podem aliviar sintomas do transtorno do déficit de atenção, epilepsia e depressão, além de possivelmente melhorar a cognição em indivíduos normais.

Um interessante artigo sobre essa técnica, que ensina aos pacientes a modificação voluntária dos seus próprios padrões eletroencefalográficos, encontra-se online no site da Scientific American Mind.

Link para o artigo.

fevereiro 05, 2006

Nem Todos os Placebos São Iguais...

acupuncture_image.gif

Um estudo bastante interessante comparou o efeito de dois tipos diferentes de placebo na dor crônica: pílulas de amido e falsa acupuntura.

O pesquisador Ted Kaptchuk, da Harvard Medical School, em Boston, tratou um grupo de 270 pacientes com dor crônica do tipo produzido por esforços repetitivos (usar um mouse de computador durante horas a fio, por exemplo), da seguinte maneira: metade recebeu uma pílula de amido duas vezes por dia; os outros foram tratados com falsa acupuntura duas vezes por semana. A falsa acupuntura era realizada com agulhas especiais, idênticas às reais, mas que tinham uma ponta retrátil, que não penetrava a pele.

Ambos os grupos melhoraram da dor após duas semanas de tratamento, mas nas semanas seguintes, o grupo da falsa acupuntura melhorou significativamente mais.

Os pacientes também relataram os efeitos colaterais que os pesquisadores lhes disseram que poderiam experimentar: dores residuais nos locais da falsa acupuntura e vertigens e sonolência com as pílulas de amido. Algus telefonaram para os pesquisadores, dizendo-se tontos demais para levantar da cama. Outros abandonaram as pílulas, devido aos efeitos colaterais...

Kaptchuk acredita que o maior efeito da falsa acupuntura pode decorrer da maior interação médico-paciente e do lado místico dessa modalidade de tratamento.

O Dr. Kaptchuk publicou os seus achados na edição de 1 de Fevereiro do British Medical Journal.

Um crítico desse estudo, o Dr. George Lewith, da Universidade de Southampton, diz que a falsa acupuntura pode ter funcionado melhor por não ser um verdadeiro placebo, já que existem técnicas orientais de tratamento que envolvem apenas leves toques na pele, sem perfuraçáo da mesma. Kaptchuk rebate a crítica, dizendo que essas técnicas não têm nenhum efeito fisiológico comprovado, e mantém as suas conclusões.

O que vocês acham? Eu concordo com Lewith, e acho que um placebo melhor teria sido realizar acupuntura com as agulhas reais, mas em pontos aleatórios, diferentes dos pontos de acupuntura...

Fica aberto o debate!

janeiro 27, 2006

Estudos de Tribo Indígena Brasileira Sugerem Habilidades Geométricas Inatas dos Humanos

munduruku.jpg

Pesquisadores franceses, estudando uma tribo remota da Amazônia, cujos membros jamais tiveram contato com o ensino de conceitos geométricos, obtiveram evidência de que as habilidades geométricas humanas podem ser inatas.

Os índios, da tribo Munduruku, tiveram uma performance surpreeendente em testes de conceitos geométricos básicos, apesar de não terem nenhuma escolaridade!

Link para a notícia em inglês.

janeiro 11, 2006

Por que a Memória Episódica se Desenvolveu?

Há um filme da palestra com esse título, ministrada recentemente pelo Prof. Tulving, online na internet.
Assisti hoje e gostei. Nessa palestra, o Prof. Tulving propõe uma teoria com os seguintes pressupostos principais:

  • Os animais não possuem memória episódica, apenas memória semântica;

  • A falta da memória episódica não é incompatível com a sobrevivência, como demonstrado pelos animais, nem com um bom grau de autonomia no dia-a-dia, como evidenciado por pacientes que possuem apenas a memória semântica;

  • A cultura humana só pôde se desenvolver devido à capacidade de pensar sobre o passado e o futuro, o que depende da memória episódica;

  • Recentes estudos de neuro-imagem implicam os lobos frontais na capacidade de pensar sobre o passado.
  • Link para o vídeo da conferência.

    Endel Tulving, Pesquisador da Memória: Biografia, Vídeos e Atividades Online

    h-tulving.jpg


    O texto a seguir foi traduzido de uma excelente página da Science.ca sobre esse famoso neurocientista. Inclui vídeos e testes de memória que podem ser feitos online.

    Corria o ano de 1963. Tulving estava de pé escrevendo no quadro-negro. Na sala, alunos do quarto ano de psicologia cognitiva da Universidade de Toronto. Ele está lecionando para oito alunos. Eles estão no quarto andar do recém construído Edifício Sidney Smith, numa longa sala de aula sem janelas. Um quadro-negro estende-se por toda uma parede. Todos estão sentados numa longa mesa. Há um cheiro de tinta fresca. Tulving está ensinando que a memória consiste de duas partes importantes--que armazenar memórias e recuperá-las são funções separadas.

    "Só porque uma pessoa não pode lembrar uma palavra vista um minuto atrás, não significa que a palavra não esteja na memória", diz Tulving.

    Uma aluna pergunta: "Você tem alguma prova disso?"

    Tulving diz, "Mas isso deveria ser auto-evidente."

    Entretanto, ele nota a expressão de dúvida no rosto da aluna. Eles fazem uma pausa para o café e Tulving vai para a sua sala. Mergulhado nos seus pensamentos e preocupado com a situação na sala de aula, ele decide que tem tempo para preparar um experimento simples para demonstrar o que havia dito aos estudantes.

    Quando retorna à sala de aula, ele diz a todos para se concentrarem e ouvirem cuidadosamente enquanto pronuncia vinte palavras conhecidas mas não relacionadas: "Amarelo", "Rifle", "Mesa", "Violino"; e assim por diante. Depois que termina, ele pede à classe que escreva tantas palavras quantas sejam capazes de lembrar. A maioria pode lembrar 8, 9 ou 10. Depois que eles terminam, ele recolhe a folha da estudante cética e nota que ela não se lembrou da palavra "Amarelo". Ele diz: "Não havia uma cor na lista?" Instantaneamente, a estudante diz:"Amarelo!" Ele repete esse procedimento para as outras palavras esquecidas, com o mesmo resultado miraculoso. Finalmente, a aluna que pensava que uma vez que algo estivesse na memória poderia ser sempre lembrado admite, com relutância: "Talvez o sr. tenha razão."

    Link para a página de Tulving na Sience.ca