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dezembro 31, 2005

Síndromes Neurológicas Surpreendentes: II- A Síndrome de Fregoli

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Esta é uma experiência extraordinária na qual uma pessoa identifica, errôneamente, um outro indivíduo como alguém que ele claramente não é. Na verdade, o paciente pode começar a ver a mesma pessoa em toda a parte. Freqüentemente, esse sintoma tem caráter paranóide, com o doente acreditando estar sendo perseguido pela pessoa erroneamente identificada, que estaria utilizando diferentes disfarces.

Essa síndrome leva o nome do ator italiano Leopoldo Fregoli, que era famoso pela sua capacidade de mudar rapidamente a maquiagem e as roupas durante as peças de teatro.

A síndrome de Fregoli foi descrita, primeiramente, por P. Courbon e G. Fail, em 1927 (Syndrome d'illusion de Frégoli et schizophrénie). Tratava-se do caso de uma mulher de 27 anos que acreditava estar sendo perseguida por dois atores que ela muitas vezes vira no teatro. Ela acreditava que os atores a estavam "seguindo de perto, caracterizando-se como pessoas que ela conhecia bem".

Segundo Ramachandram, esse estado poderia resultar de um excesso de conexões entre os centros cerebrais de reconhecimento de faces e a amígdala (o oposto da síndrome de Capgras).

dezembro 29, 2005

Síndromes Neurológicas Surpreendentes: I. A Síndrome de Capgras

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A síndrome de Capgras é caracterizada por uma convicção, por parte do doente, de que a sua esposa, outras pessoas, animais, objetos ou até ele mesmo, foram substituídos por cópias exatas, ou "impostores".

Ramachandram cita, por exemplo, um paciente que acreditava que o seu cão havia sido substituído por um outro idêntico; outra paciente era incapaz de reconhecer a sua própria imagem no espelho; outro, ainda, acreditava, todas as manhãs, que os seus tênis de corrida haviam sido trocados por réplicas exatas...

De acordo com o Dr. Matcheri Keshavan, Diretor Clínico do Center for the Neuroscience of Mental Disorders, de Pittsburgh, a explicação para essa estranha síndrome é a seguinte:
todos nós temos representações internas do mundo exterior, que incluem as outras pessoas e nós mesmos. Associados a essas representações existem sentimentos particulares. Quando disfunções em certas áreas do cérebro rompem as respostas emocionais a essas pessoas, animais ou objetos, a mente tenta encontrar uma explicação para o fato; a melhor explicação acaba sendo a de que aquele ser ou objeto é na verdade um impostor (ou uma réplica do original).

Essa é uma síndrome muito rara, mas é semelhante ao que ocorre por vezes em pessoas normais, com a sensação de "deja vu" ou "jamais vu". Também em sonhos muitas vezes vemos pessoas que conhecemos, mas elas "não parecem elas mesmas".

A síndrome de Capgras costuma ocorrer quando há lesão do lobo temporal direito.

Leia mais sobre a síndrome de Capgras.

dezembro 28, 2005

Filmes de Pacientes Neurológicos da Romênia do Início do Século XX Online!

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Isto é muito interessante:

Entre 1899 e 1902, Marinescu aperfeiçoou o uso da cinematografia como um método de pesquisa nas neurociências e publicou cinco artigos baseados em documentos cinematográficos. Ele focalizou os seus estudos principalmente nos distúrbios orgânicos da marcha, ataxia locomotora, e histeria.

Marinescu adaptou o método de Charcot de alinhar vários pacientes com a mesma patologia e mostrá-los juntos para permitir a apreciação dos estereótipos e das formas frustras. Ele decompôs as figuras em movimento em desenhos seqüenciais para publicação. Ele documentou os resultados com casos filmados antes e depois de tratamentos.

Partes digitalizadas desses filmes fazem parte do trabalho de pesquisa histórica publicado em 2004:

The origins of scientific cinematography and early medical applications

Alexandru C. Barboi, MD, Christopher G. Goetz, MD and Radu Musetoiu, MD

NEUROLOGY 2004;62:2082-2086

Link para os filmes, no site da Neurology

dezembro 26, 2005

Mapa da Comunidade NeuroUnB

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Para quem ainda não sabe, este site acompanha uma lista de discussões do mesmo nome (NeuroUnB), do Yahoo Grupos. Já contamos com quase 250 membros!

Um novo site permite adicionar, num mapa, seu nome, uma foto (opcional) e uma breve mensagem.

Entre para o mapa, clicando AQUI.

Para entrar para o Grupo do Yahoo, envie e-mail para neurounb-subscribe@yahoogrupos.com.br

dezembro 23, 2005

Especiarias Natalinas e Anfetaminas

spices.jpg No seu trabalho "Christmas gingerbread (Lebkuchen) and Christmas cheer--review of the potential role of mood elevating amphetamine-like compounds formed in vivo and in furno", o pesquisador Idle sugere a possibilidade de que especiarias como noz-moscada, canela, cravo e aniz tenham efeitos euforiantes por conterem precursores químicos das anfetaminas, os alilbenzenos e os propenilbenzenos.

O autor descreve as possíveis reações químicas que podem transformar esses precursores potenciais em anfetaminas, mas ressalta que essas reações não foram ainda comprovadas em humanos. Elas podem ser catalisadas, ainda, pelo cozimento no forno.

Não sabemos se a euforia do Natal é devida a efeitos farmacológicos dessas especiarias ou ao seu aroma, que evoca memórias agradáveis de Natais anteriores.

De qualquer maneira, com ou sem especiarias, desejo a todos um excelente Natal, cheio de bom humor e alegria!

dezembro 22, 2005

Exame Neurológico: Site Didático com Vídeos

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Excelente o site www.neuroexam.com, do Dr. Hal Blumenfeld, autor do livro Neuroanatomy through Clinical Cases.

O site detalha todas as etapas do exame neurológico, com pequenos vídeos ilustrativos.

Vejam, por exemplo, o vídeo sobre a pesquisa do sinal de Romberg. Os vídeos são disponibilizados no formato Real Player. O programa Real Player pode ser baixado gratuitamente do site www.real.com.

Esse site interativo pode ser muito útil para os estudantes de semiologia médica e outros profissionais da saúde.

Depressão e Doenças Cardíacas

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A revista Psychosomatic Medicine está disponibilizando gratuitamente, online, um suplemento sobre depressão e doenças cardíacas.

Há evidências de que mesmo a depressão leve aumenta os riscos de doença cardíaca, e a depressão é tres a quatro vezes mais freqüente entre pacientes cardíacos do que na população geral.

Link para o suplemento especial da Psychosomatic Medicine

dezembro 20, 2005

Teste "Mini-Mental" Computadorizado

oldman.gif Está online um software em português que automatiza a realização do Mini-Teste do Estado Mental. O programa gera um relatório do teste, que pode ser copiado e colado em qualquer documento do Word.

Este software pode ser útil para neurologistas, psicólogos, psiquiatras, peritos judiciários, pesquisadores e outros profissionais que necessitam realizar o "Mini-Mental" com frequência, registrando detalhadamente os resultados de cada paciente.

Link para o site do software "Teste Mini-Mental Computadorizado"

Estimulação Magnética do Cérebro na Depressão

TMSEEGl.gif A revista Veja desta semana traz uma reportagem , na seção "Saúde", sobre o tratamento da depressão com estimulação magnética transcraniana.

Essa forma de tratamento tem se mostrado bastante promissora, com estudos realizados em vários países, inclusive no Brasil, onde vem sendo utilizada em São Paulo e em Brasília.

O estimulador magnético é um equipamento que produz, por indução eletromagnética (Lei de Faraday), pequenas correntes elétricas no cérebro, que podem aumentar ou diminuir a atividade anormalmente baixa ou alta de certas regiões cerebrais, dependendo da freqüência de estimulação ; estimulos abaixo de 1 por segundo diminuem a atividade neuronal e acima de 1 por segundo produzem o efeito inverso. Na depressão, é possível induzir uma melhora reduzindo a atividade do córtex pré-frontal direito ou , pelo contrário, aumentando a atividade do córtex pré-frontal esquerdo.

Atualmente o procedimento só está indicado em casos mais graves, refratários às medicações mais modernas, em doses otimizadas. Quando tudo isso falha, é possível tentar a ECT (eletroconvulsoterapia), popularmente conhecida como "eletrochoque", ou a estimulação magnética transcraniana. A ECT ainda é um procedimento eficiente e muitas vezes indicado, e muitos trabalhos estão agora comparando a sua eficácia, já conhecida, com aquela da estimulação magnética transcraniana.

As principais vantagens da estimulação magnética transcraniana dizem respeito à sua excelente tolerabilidade, já que é totalmente indolor e sem efeitos colaterais importantes, e à facilidade de aplicação, pois é feita a nível ambulatorial, em sessões diárias.

A reportagem da Veja cita o trabalho do prof. Marcolin, da Universidade de São Paulo; o prof. Dr. Raphael Boechat Barros também defendeu, em 2004, sua tese de doutoramento na Universidade de Brasília , sobre o tratamento da depressão com estimulação magnética de baixa freqüência, com bons resultados.

A estimulação magnética transcraniana vem se consolidando, portanto, como mais uma alternativa para o tratamento da depressão refratária à psicoterapia e à terapia farmacológica.


Links:

Tese orientada pelo Prof. Dr. Marco Antônio Marcolin (USP-São Paulo)

Site do Prof. Dr. Raphael Boechat Barros (Centro de Investigações Neurológicas -Brasília)

dezembro 16, 2005

O Q.I. Não é Tudo, Afinal!

Durante décadas, os neurocientistas, psicólogos e educadores privilegiaram os testes de Q.I. como uma medida objetiva para predizer o sucesso escolar.
Muito pouco se estudou, entretanto, uma outra característica importante do aluno: a auto-disciplina.
Agora um novo estudo mostra que, pelo menos para alunos americanos da oitava série, essa qualidade do estudante é ainda mais importante do que o Q.I. para predizer bom desempenho escolar.
O gráfico a seguir mostra uma correlação impressionante da auto-disciplina com o rendimento na prova final do curso:


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Fonte:

Duckworth, A.L., & Seligman, M.E.P. (2005). Self-discipline outdoes IQ in predicting academic performance of adolescents. Psychological Science, 16(12), 939-944.

dezembro 14, 2005

Figura Interativa Sobre o Funcionamento do Cérebro

Excelente essa animação em "flash" da New Scientist. É interativa e mostra a função de diversas áreas do sistema nervoso com um clique do mouse...
Confiram!

Seriam os Americanos Hipomaníacos?

bush.gifA hipomania é um dos componentes da ciclotimia, uma condição psiquiátrica caracterizada por flutuações do humor. A hipomania é um estado difuso de bem estar e sensação de energia mais elevada que a média. Nessa fase um paciente não procura um médico pois sente-se muito bem e feliz.

Pessoas tidas como perfeitamente saudáveis podem apresentar uma tendência maior do que a média à alegria, ao bem-estar e à elevada produtividade. Traduzimos, abaixo, um artigo do New York Times, de 11 de dezembro de 2005, sobre a possibilidade de que os americanos devam o seu sucesso econômico e intelectual a uma forma genética de hipomania; é uma teoria interessante:

Durante séculos, os estudiosos têm tentado explicar as peculiariades de caráter dos Norte-Americanos: seriam elas fruto das experiências do "velho-oeste", a herança do protestantismo, ou o resultado da ausência do feudalismo? Para aquecer ainda mais esse debate, em 2005 dois professores de psiquiatria publicaram livros atribuindo as características únicas dos americanos a uma causa biológica: o DNA.

Peter C. Whybrow da U.C.L.A. e John D. Gartner da Johns Hopkins University Medical School defendem a tese de que existe um genótipo específico dos imigrantes, nos seus livros, que são, respectivamente, "American Mania" e "The Hypomanic Edge." Mesmo quando os tempos são difíceis, diz Whybrow, a maioria das pessoas não deixa o seu país de origem. Os 2 por cento, aproximadamente, que o fazem, acabam se tornando um grupo auto-selecionado. O que os distingue das outras pessoas, ele sugere, poderia ser a composição genética do seu sistema dopaminérgico- o sistema cerebral que tem papel de destaque na gênese de comportamentos arrojados e na busca por novidades.

As variações genéticas que fazem com que os neurônios entrem em atividade nos circuitos dopaminérgicos parecem ter sido muito prevalentes entre as famílias que, ao longo de gerações, caminharam mais longe, pelo estreito de Bering, da Ásia até às Américas, 10.000 a 20.000 anos atrás. Essa composição genética, de acordo com Whybrow, também pode estar presente nos 98 por cento de americanos que nasceram em outros países ou cujas famílias vieram para os Estados Unidos nos últimos 3 séculos. Se essa composição genética específica existe em imigrantes de todas as origens, o importante não é de onde vem o americano, mas o simples fato dele ter vindo.

Isso também se aplica ao brasileiro? Esta é uma questão em aberto, mas provavelmente o mesmo raciocínio é válido com relação aos nossos antepassados. Talvez essa seja a origem da legendária alegria do povo brasileiro, mesmo frente às adversidades!

Leia o artigo original no New York Times

dezembro 12, 2005

O Piscamento Diminui a Atividade Cerebral

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Por que o mundo não se apaga a cada vez que nós piscamos? Os pesquisadores do University College London dizem que é porque o piscamento desliga partes do cérebro de modo que nós não notemos a mudança.

O piscamento é difícil de estudar, mas os cientistas imaginaram um experimento engenhoso. Eles construíram um dispositivo de fibra óptica que era colocado na boca de um voluntário que usava óculos de natação à prova de luz. Quando o dispositivo era ligado, luz iluminava a retina através do palato, sem atravessar os olhos! Dessa forma, os pesquisadores podiam manter a retina iluminada mesmo com os olhos fechados.

Com ressonância magnética funcional, os pesquisadores verificaram, então, que quando a retina era estimulada com a fibra óptica, o piscamento reduzia a atividade cerebral em partes do córtex visual, parietal e pré-frontal. Assim sendo, foi comprovado que havia redução de atividade cerebral mesmo com a retina iluminada.

Esses achados nos ajudam a entender porque temos uma visão ininterrupta do ambiente que nos cerca, apesar de piscarmos 10 a 15 vezes por minuto!

Leia este artigo em inglês no site Neuroscience for Kids

dezembro 10, 2005

E-Book de Neurofisiologia para Palm

zire72_1186.jpg O E-Book "Sinopses de Fisiologia do Sistema Nervoso" agora tem também uma versão para computadores de mão com o Palm OS.

O arquivo está disponível para download no site Palm Brasil., na seção de Medicina.

"Super-Ratos" Podem Ajudar a Combater Doenças Musculares

supermouse.jpgGraças à pesquisa com os "super-ratos", a vida das pessoas que sofrem de distrofias musculares e outras doenças semelhantes pode mudar. Estão a caminho dois novos tratamentos que bloqueiam uma proteína chamada miostatina, que normalmente retarda o crescimento dos músculos.
A primeira estratégia, anunciada esta semana, objetiva a utilização de uma droga para "enxugar" a miostatina. Ao mesmo tempo, um segundo método, que utiliza anticorpos para desativar a proteína, já está sendo testado em pacientes.
Os "super-ratos" foram criados em 1997, quando o cientista Se-Jin Lee, da Faculdade de Medicina Johns Hopkins em Baltimore, Maryland, utilizou engenharia genética para desligar o gene da miostatina. Esses animais ficaram com músculos duas vezes maiores do que o normal. Da mesma forma, um defeito no gene da miostatina fez com que um bebê alemão, cuja estória foi amplamente divulgada no ano passado, tivesse um desenvolvimento muscular espantoso.
Agora o Dr. Lee produziu uma molécula solúvel chamada ACVR2B, que se liga à miostatina em ratos normais, fazendo com que os seus músculos cresçam.
Ele espera que a ACVR2B possa ser usada para tratar doenças como a distrofia muscular de Duchenne, um problema genético que afeta 1 em 3000 meninos. Os músculos desses pacientes atrofiam devido a um defeito no gene que codifica a síntese da proteína distrofina, que é importante para a organização da estrutura muscular.
A equipe do Dr. Lee deu quantidades diferentes de ACVR2B a 49 ratos e mediu o desenvolvimento muscular após uma a quatro semanas. O maior impacto no crescimento muscular foi com duas injeções com intervalo de uma semana entre elas, com uma dose de 50 miligramas por quilo de peso. Esses ratos tiveram a sua massa muscular aumentada em até 61 por cento (Proceedings of the National Academy of Sciences, DOI: 10.1073/pnas.050599610)
Os ratos cresceram normalmente e não pareceram ter quaisquer outros efeitos indesejáveis. Os pesquisadores, entretanto, têm agora a preocupação de saber se a droga seria segura a longo prazo; também é preocupante a possibilidade de que o coração cresça, o que poderia levar a doença cardíacas.
Um outro risco potencial dessa droga seria o seu abuso por atletas; já há sites na internet oferecendo drogas que supostamente bloqueariam a miostatina; mas não deve ser difícil criar testes "anti-doping" para essa classe de medicamentos.
Segundo Kay Davies, que estuda a genética da distrofia muscular de Duchenne na Universidade de Oxford, "esse é um estudo excepcionalmente promissor. Pela primeira vez, temos uma real esperança de um tratamento para essa doença".

dezembro 08, 2005

Não Tem "Jeito" Para Negócios? O Problema Pode Estar no seu Cérebro!

moneybrain.jpgOs economistas estão começando a estudar neurofisiologia: com o advento das técnicas avançadas de neuroimagem funcional, a participação de algumas áreas cerebrais no comportamento econômico está sendo posta em evidência.
Uma questão central em economia é por que as pessoas querem o que querem, ou, em termos neurocientíficos, como o cérebro lida com a recompensa. Os estudos de neuro-imagem têm demonstrado que, em resposta à percepção de recompensa, uma região cerebral chamada estriado é ativada de maneiras bastante específicas. O principal neurotransmissor dessa estrutura é a dopamina.
Num estudo publicado em maio de 2005, no Journal of Neuroscience, Brian Knutson e seus colegas da Universidade de Stanford mostraram que, quando uma pessoa considera o valor de um ganho monetário, a ressonância magnética nuclear funcional (fMRI, na sigla em inglês) mostra ativação do estriado. Entretanto, quando os sujeitos ponderavam a probabilidade de receber a recompensa, a atividade era maior no córtex, onde residem as funções "executivas" e o controle dos impulsos. A área cortical ativada era o córtex pré-frontal medial.
"Alguém cujo córtex pré-frontal medial não fosse bem desenvolvido poderia focalizar a sua atenção apenas no tamanho da recompensa e não na sua probabilidade, e assim tomar decisões ruins, como jogar ou apostar na loteria" diz Knutson.
Os mais fantasiosos podem imaginar, no futuro, grandes corporações observando o funcionamento do estriado e do córtex medial pré-frontal dos possíveis clientes para conceder-lhes ou não empréstimos, por exemplo. Mas isso é altamente improvável, por várias razões, além da óbvia dificuldade de colocar o cliente dentro de um aparelho de fMRI. Para a medicina, entretanto, abre-se a possibilidade de detecção de novos desequilíbrios da função cerebral que, se adequadamente tratados, poderiam talvez diminuir o numero de falências...

Leia mais sobre esse assunto no BrainWork, publicação eletrônica da Dana Foundation

dezembro 07, 2005

Lançamento do CD Didático do Prof. Carlos Gonçalves

spike.jpgSerá lançado, hoje, às 19:30 hs, na Livraria Cultura do Shopping Casa Park, em Brasília, o CD "Propagação do Potencial de Ação", do Prof. Carlos Alberto Gonçalves, da Universidade de Brasília.
O CD é publicado pela Editora Universidade de Brasília; de acordo com o convite oficial para o lançamento:

Este material foi desenvolvido para auxiliar o professor e/ou o aluno na introdução de conteúdo teórico na área de Ciências Fisiológicas. Apresenta-se como material de apoio didático. Sua característica principal é a exploração de simulações interativas. Adota o modelo da célula nervosa e pode ser utilizado em cursos de graduação e pós-graduação.

O software visa ser um material auxiliar para o estudo e o ensino da matéria Propagação de Potencial da Ação*, considerada complexa, pois mistura conceitos de ciências biológicas e exatas, além de ser um assunto pouco explorado pelos materiais atuais de apoio didático. O modelo psicopedagógico eleito, denominado Aprendizagem Significativa, baseia-se em um Mapa Conceitual para estruturar a apresentação dos conceitos. Neste software, o Mapa Conceitual tem um segundo papel, o de permitir ao usuário ver qualquer parte do programa e navegar por ele com facilidade. Com isso, o professor pode personalizar a ordem de apresentação dos assuntos. Este software pode ser usado em data show, notebook e aulas à distância, substituindo transparências, vídeos e slides.

Os textos, que possuem uma linguagem simples, mas conceitualmente rigorosa, foram redigidos pelo professor Carlos Gonçalves, que leciona e pesquisa na área há vários anos. Com simulações interativas, apresenta inestimável valor didático. Além disso, pode ser traduzido para outros idiomas.

O programa foi desenvolvido em ActionScript 2.0, utilizado como ferramenta de construção o Macromedia Flash MX. Por isso é leve e ágil, não precisando de nenhum espaço em disco e rodando em praticamente qualquer computador, já que 98% dos computadores do mundo possuem Flash Player, que possibilita a visualização do programa em sistemas operacionais que não sejam o Microsoft Windows.

*Prêmio Paped 2003 (Capes/MEC).

**Fisiologia Revista é o nome do pacote que incluirá outros temas de Fisiologia em desenvolvimento na T+E.


Vale a pena conferir! Eu estarei lá!

dezembro 06, 2005

E-Book Sinopses de Fisiologia do Sistema Nervoso

ebook.jpgEste E-Book, de autoria do prof. Joaquim Brasil-Neto, pode ser baixado gratuitamente (shareware) do site Superdownloads.

Quero Dormir e Não Consigo...

sleep.gif A insônia e a má qualidade do sono afetam um grande número de pessoas, em todo o mundo. À medida que os conhecimentos avançam nessa área, a tendência tem sido de reconhecer a insônia como uma doença em si mesma, e não como conseqüência de outras doenças.

Science News discute a ciência por trás da insônia e o número crescente de medicamentos empregados no seu combate, com especial atenção ao problema de que muitos deles mal foram testados em laboratório. Alguns desses medicamentos imitam os antigos benzodiazepínicos, e outros agem de maneira semelhante à melatonina, um hormônio que participa do ciclo sono-vigília.

Vale a pena ler!

Link para o artigo da Science News, "Staring into the dark".

dezembro 05, 2005

Estudo Investiga os Efeitos do Café no Cérebro

coffee_cup.jpgA New Scientist relata um estudo recente sobre os efeitos do café no cérebro.
A boa notícia é que o café parece estimular os lobos frontais e a memória de trabalho.
"Todo o grupo mostrou ativação da região do cérebro responsável pela memória de trabalho", afirma o autor, Koppelstatter. "Mas aqueles que receberam cafeína tiveram ativação significativamente maior da região pré-frontal e do giro do cingulo anterior. Essas áreas são envolvidas na "memória de trabalho", atenção, concentração, planejamento e monitorização".

Link para o artigo da New Scientist, 'Coffee's effects revealed in brain scans".

dezembro 03, 2005

Abelhas Podem Reconhecer Faces Humanas

Você acha que todas as abelhas são iguais? Bom, para as abelhas, você não é igual a todos os outros humanos!
Um novo estudo demonstrou que as abelhas, que têm apenas 0,01% dos neurônios de um humano, são capazes de reconhecer faces.
Os humanos utilizam uma área muito especializada do cérebro, o giro fusiforme, para reconhecer faces. Mas será que animais sem um cérebro tão complexo podem fazer a mesma coisa?
Baseado na capacidade interessante das abelhas de distinguir entre diferentes flores, o cientista especializado em visão, Adrian Dyer da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, decidiu pendurar quatro diferentes faces de humanos na parede. Recompensando as abelhas com solução açucarada, eles demonstraram que os insetos repetidamente voavam em direção a uma face-alvo, mesmo quando a localização desta era modificada. Os acertos eram de 90%.
Quando a recompensa era retirada, as abelhas continuavam voando em direção à face-alvo, mostrando que haviam adquirido uma memória daquela face.
Este estudo foi publicado na edição de 2 dezembro de 2005 do Journal of Experimental Biology.
Para o cientista Michael Tarr, da Brown University em Rhode Island, Providence, essa tarefa de reconhecimento de faces deve ser bastante diferente da realizada pelos humanos; para ele, as abelhas apenas distinguem padrões diferentes, e ele suspeita que se os pesquisadores tivessem utilizado batatas teriam obtido o mesmo resultado. Segundo ele, “para as abelhas, nossas faces não passam de flores muito esquisitas”.

Cicatrizes da Infância Que Nunca Desaparecem

Há muito tempo que os neurocientistas suspeitam que maus-tratos ou abandono na infância poderiam modificar permanentemente o cérebro infantil, fazendo com que essas crianças se tornem adultos mais ansiosos e depressivos, menos aptos a lidar com o estresse, ou mesmo incapazes de formar laços afetivos com outras pessoas. Entretanto, poucas evidências biológicas dessas interações estão disponíveis. Agora um grupo de pesquisadores publicou um trabalho mostrando que crianças que iniciaram suas vidas como órfãos abandonados apresentam deficiências duradouras nos níveis de hormônios associados às ligações sociais.
Os hormônios desempenham um importante papel em nossas relações com outros indivíduos. Os níveis de oxitocina aumentam durante interações físicas com entes queridos e a vasopressina está relacionada ao reconhecimento de pessoas familiares. Sempre foi difícil estudar esses hormônios em crianças, entretanto, pois eles tinham que ser analisados em amostras de líquor ou sangue.
O psicólogo Seth Pollak da Universidade de Winsconsin, Madison, U.S.A., e seus colegas, conseguiram finalmente medir a oxitocina na urina. Esando esta técnica, eles descreveram na edição online de 21 de Novembro de 2005 dos Proceedings of the National Academy of Sciences, um estudo com 18 crianças de aproximadamente 4 anos de idade que haviam passado uma média de 16 meses em orfanatos antes de serem adotadas. Os pesquisadores compararam este grupo com 21 crianças criadas pelos pais biológicos. Ambos os grupos participaram de duas situações: numa delas, a criança jogava um jogo no computador enquanto interagia calmamente com sua mãe por 30 minutos; na outram a criança fazia o mesmo com uma mulher estranha. As crianças criadas pelos pais biológicos mostraram um aumento dos níveis de oxitocina após contato com a mãe mas não com a mulher estranha; os ex-órfãos, entretanto, não mostraram alterações nos níveis de oxitocina em nenhuma das situações. A oxitocina normalmente diminui o estresse. Os ex-órfãos também tiveram menores níveis de vasopressina em ambas as situações, o que pode explicar a sua dificuldade em fazer novos amigos.

dezembro 02, 2005

Notícias de Neurociências

Inauguramos hoje este site sobre as últimas notícias e curiosidades na área das neurociências.
Esperamos que nossos leitores compartilhem do nosso entusiasmo por esse interessante campo da ciência...
Tudo está no cérebro!