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outubro 09, 2006

Estimulação Magnética Pode Alterar Decisões Econômicas

Este trabalho, recentemente publicado na revista Science, mostra que a redução da atividade da região do córtex pré-frontal dorso-lateral direito resulta numa dificuldade em rejeitar propostas injustas de divisão de dinheiro no jogo Ultimatum:


Science. 2006 Oct 5; [Epub ahead of print]
Diminishing Reciprocal Fairness by Disrupting the Right Prefrontal Cortex.

* Knoch D,
* Pascual-Leone A,
* Meyer K,
* Treyer V,
* Fehr E.

Institute for Empirical Research in Economics, University of Zurich, Blumlisalpstrasse 10, 8006 Zurich, Switzerland; Department of Neurology, University Hospital Zurich, Switzerland; Collegium Helveticum, Schmelzbergstrasse 25, 8092 Zurich, Switzerland.

Humans restrain self-interest with moral and social values. They are the only species known to exhibit reciprocal fairness, which implies the punishment of other individuals' unfair behaviors, even if it hurts the punisher's economic self-interest. Reciprocal fairness has been demonstrated in the Ultimatum Game, where players often reject their bargaining partner's unfair offers. Despite progress in recent years, however, little is known about how the human brain limits the impact of selfish motives and implements fair behavior. Here we show that disruption of the right, but not the left, dorsolateral prefrontal cortex (DLPFC) by low-frequency repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS) substantially reduces subjects' willingness to reject their partners' intentionally unfair offers, which suggests that subjects are less able to resist the economic temptation to accept these offers. Importantly, however, subjects still judge such offers as very unfair, which indicates that the right DLPFC plays a key role in the implementation of fairness-related behaviors.

julho 24, 2006

Preguiçosos Assumidos Não Querem Mais Saber de Caminhar...

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Vejam só que coisa: nos Estados Unidos, a procura por pequenos veículos motorizados (motorized scooters), normalmente oferecidos aos deficientes físicos por parques de diversões, feiras e centros comerciais, tem aumentado vertiginosamente: é que pessoas sem qualquer tipo de deficiência também querem usá-los, simplesmente por...preguiça!

Alguns desses preguiçosos assumidos já levam o seu carrinho no porta-malas do automóvel! Há locadoras de automóveis que cobram uma taxa extra pelo fornecimento de um veículo desses juntamente com o carro!

Os usuários desses scooters dizem que, com eles, podem passear mais do que caminhando, que as filas deixam de ser problema ("é só esperar sentada", diz uma aficionada) e que podem comprar as entradas mais baratas para o teatro, pois reclamam e acabam ficando nos camarotes, juntamente com os deficientes físicos de verdade...

Os fabricantes estão muito felizes com tudo isso, mas cada vez mais têm que reforçar os carrinhos para o uso por obesos-dá para imaginar o porquê dessa tendência, não é?

Leia mais aqui.

junho 18, 2006

Um Toque de Celular para Enganar os Mais Velhos

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Adolescentes na Inglaterra e nos Estados Unidos estão usando um toque de telefone celular de alta frequência (17 KHz), que a maioria dos adultos acima de 40 anos não consegue ouvir.

Enquanto a maior parte da comunicação entre os humanos utiliza frequências entre 200 e 8000 Hz, a partir da meia idade um fenômeno chamado presbiacusia reduz a capacidade de audição de altas frequências.

A ironia é que esse fato da fisiologia foi utilizado inicialmente num sistema de segurança para lojas, na Inglaterra, que pretendia produzir um alarme muito alto e desagradável para espantar adolescentes com comportamento suspeito, sem perturbar os clientes mais velhos. Acontece que algum hacker não indentificado transformou o som num toque de celular.

O toque de celular tem sido utilizado por alunos em sala de aula, para receber mensagens de texto sem que os professores percebam... mas atenção: professores com 20 a 30 anos conseguem ouvir o tom!

Faça aqui o download de uma amostra do som-será que você consegue ouví-lo?

Link
para a matéria no New York Times

junho 05, 2006

Orcas Ensinando Técnica de Caça em Grupo aos seus Filhotes

maio 21, 2006

"Deficientes Direcionais"

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Kevin Lenz vê o problema o tempo todo:

Como fundador e instrutor-chefe da auto-escola Driving In a New America, Inc., o sr. Lenz frequentemente se acha sentado ao lado de um motorista adolescente quando ocorre o seguinte:

"Eu digo a eles, "Vamos virar à direita aqui", e eles ligam a seta para a esquerda; então eu digo, "Não, vire à direita", e eles então dizem "Certo", e deixam a seta para a esquerda ligada.
"Na semana passada, eu disse a uma aluna "OK, vamos tomar a segunda à direita aqui", e ela virou direto à esquerda e entrou num estacionamento."

Pode ser que os adolescentes lutem para entender a diferença entre direita e esquerda por causa do estresse de aprender a dirigir, mas eles não estão sós. Milhões de adultos ao redor do mundo permanecerão "deficientes direcionais" por todas as suas vidas. Para eles, uma habilidade que a maioria das pessoas adquire já aos 12 anos de idade será sempre uma tarefa complicada.

Estudos mostram que, em geral, as mulheres têm mais dificuldade com essa tarefa do que os homens. Outros estudos mostram que os canhotos têm mais dificuldade em discriminar direita e esquerda. Outros estudos dizem o oposto. Quanto ao que ocorre no cérebro de pessoas direcionalmente deficientes, há diversas teorias interessantes, mas nenhuma resposta definitiva.

Entre as poucas pessoas que estudaram o assunto recentemente está Sonja Ofte, da Universidade de Bergen, na Noruega. Ela pediu a alunos do segundo grau que olhassem figuras esquemáticas de humanos de frente ou de costas, com os braços em diferentes posições e lhes pediu que identificassem a mão direita e a esquerda de cada figura. Nesse teste, os homens se saíram bem melhor do que as mulheres, e os homens canhotos melhor do que os dextros.

Faça o teste da Dra. Sonja clicando AQUI

fevereiro 19, 2006

Os Ratos Possuem a Noção de Causa e Efeito...

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Interessantissimo (e surpreendente) o resultado de um recente experimento com ratos publicado na revista Science de 17 de fevereiro.

Desde a época de Pavlov os cientistas têm atribuído a noção de causa e efeito exclusivamente ao ser humano; os animais aprenderiam que um evento se segue a outro apenas por condicionamento, como demonstrou o russo Pavlov.

Pavlov, em seus estudos clássicos, condicionou cães a esperarem alimento quando uma campainha soava; após várias tentativas, os animais salivavam apenas ao som da campainha, mesmo que não surgisse nenhuma comida.

O experimento atual começou de forma bem parecida: os pesquisadores colocavam comida açucarada num compartimento da gaiola toda vez que uma campainha soava; os ratos logo ficaram condicionados a procurar a comida após o som.

Num momento seguinte, entretanto, os animais podiam soar a campainha, eles mesmos, pressionando uma alavanca; quando o faziam, no entanto, os animais não procuravam o alimento! Ou seja, eles sabiam a diferença entre um evento produzido por eles mesmos e outro sobre o qual não haviam tido influência...

Michael Waldmann, um psicólogo da Universidade de Göttingen, Alemanha, foi o responsável por esse estudo, juntamente com Aaron Blaisdell, da Universidade da California, E.U.A. Diz ele: "Quando chove, você espera que tanto o seu jardim quanto o do seu vizinho fiquem molhados; mas quando você rega o o próprio jardim, não espera que o jardim do vizinho fique molhado também. É esse o tipo de raciocínio que esses ratos estão usando."

Esse estudo mostra, pela primeira vez, que o raciocínio de causa e efeito não é exclusivo dos humanos...

Site do prof. Waldmann

Artigo na Science Now

fevereiro 08, 2006

Café da Manhã Precário e Mau Desempenho Escolar no Brasil

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De acordo com o jornalista Gilberto Dimenstein, uma pesquisa da Unifesp correlacionou a falta de um café da manhã adequado com problemas de desempenho escolar de crianças brasileiras.

Para mais informações, visite o site :

http://www.dimenstein.com.br

janeiro 25, 2006

Ramachandran e A Maior Descoberta Recente das Neurociências

V.S. Ramachandran, um famoso neurologista e neurocientista de origem indiana, radicado nos Estados Unidos, escreve sobre a importância dos "neurônios-espelho" ("mirror neurons") na evolução das qualidades mentais típicas dos seres humanos.

Esse artigo, altamente especulativo porém muito bem escrito, pode ser lido clicando AQUI.

janeiro 13, 2006

Os Benefícios da Meditação

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O site da revista TIME traz um artigo sobre os benefícios da meditação sobre o cérebro, já comprovados pela ciência.

Este outro site ensina técnicas básicas de meditação.

janeiro 10, 2006

Ouvir Música Ajuda a Dormir

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Esqueça os carneirinhos, da próxima vez que você tiver dificuldade para dormir, tente ouvir um CD de jazz.

Pesquisadores demonstraram que apenas 45 minutos de música relaxante antes de ir para a cama podem produzir uma noite inteira de sono reparador.
Os pesquisadores de Taiwan estudaram os padrões de sono de 60 pessoas idosas com dificuldades para dormir. Os participantes do estudo podiam escolher ouvir uma música relaxante antes de dormir ou não ouvir nada. O grupo que ouviu música pôde escolher uma de 6 fitas que continham música suave, lenta- aproximadamente 60 a 80 batidas por minuto- tais como jazz, música folclórica ou de orquestra.

A audição de música causou alterações físicas que auxiliaram no sono pacífico, incluindo freqüências cardíaca e respiratória mais baixas.


Link
para o abstract do trabalho de Lai e Good.

dezembro 16, 2005

O Q.I. Não é Tudo, Afinal!

Durante décadas, os neurocientistas, psicólogos e educadores privilegiaram os testes de Q.I. como uma medida objetiva para predizer o sucesso escolar.
Muito pouco se estudou, entretanto, uma outra característica importante do aluno: a auto-disciplina.
Agora um novo estudo mostra que, pelo menos para alunos americanos da oitava série, essa qualidade do estudante é ainda mais importante do que o Q.I. para predizer bom desempenho escolar.
O gráfico a seguir mostra uma correlação impressionante da auto-disciplina com o rendimento na prova final do curso:


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Fonte:

Duckworth, A.L., & Seligman, M.E.P. (2005). Self-discipline outdoes IQ in predicting academic performance of adolescents. Psychological Science, 16(12), 939-944.

dezembro 14, 2005

Seriam os Americanos Hipomaníacos?

bush.gifA hipomania é um dos componentes da ciclotimia, uma condição psiquiátrica caracterizada por flutuações do humor. A hipomania é um estado difuso de bem estar e sensação de energia mais elevada que a média. Nessa fase um paciente não procura um médico pois sente-se muito bem e feliz.

Pessoas tidas como perfeitamente saudáveis podem apresentar uma tendência maior do que a média à alegria, ao bem-estar e à elevada produtividade. Traduzimos, abaixo, um artigo do New York Times, de 11 de dezembro de 2005, sobre a possibilidade de que os americanos devam o seu sucesso econômico e intelectual a uma forma genética de hipomania; é uma teoria interessante:

Durante séculos, os estudiosos têm tentado explicar as peculiariades de caráter dos Norte-Americanos: seriam elas fruto das experiências do "velho-oeste", a herança do protestantismo, ou o resultado da ausência do feudalismo? Para aquecer ainda mais esse debate, em 2005 dois professores de psiquiatria publicaram livros atribuindo as características únicas dos americanos a uma causa biológica: o DNA.

Peter C. Whybrow da U.C.L.A. e John D. Gartner da Johns Hopkins University Medical School defendem a tese de que existe um genótipo específico dos imigrantes, nos seus livros, que são, respectivamente, "American Mania" e "The Hypomanic Edge." Mesmo quando os tempos são difíceis, diz Whybrow, a maioria das pessoas não deixa o seu país de origem. Os 2 por cento, aproximadamente, que o fazem, acabam se tornando um grupo auto-selecionado. O que os distingue das outras pessoas, ele sugere, poderia ser a composição genética do seu sistema dopaminérgico- o sistema cerebral que tem papel de destaque na gênese de comportamentos arrojados e na busca por novidades.

As variações genéticas que fazem com que os neurônios entrem em atividade nos circuitos dopaminérgicos parecem ter sido muito prevalentes entre as famílias que, ao longo de gerações, caminharam mais longe, pelo estreito de Bering, da Ásia até às Américas, 10.000 a 20.000 anos atrás. Essa composição genética, de acordo com Whybrow, também pode estar presente nos 98 por cento de americanos que nasceram em outros países ou cujas famílias vieram para os Estados Unidos nos últimos 3 séculos. Se essa composição genética específica existe em imigrantes de todas as origens, o importante não é de onde vem o americano, mas o simples fato dele ter vindo.

Isso também se aplica ao brasileiro? Esta é uma questão em aberto, mas provavelmente o mesmo raciocínio é válido com relação aos nossos antepassados. Talvez essa seja a origem da legendária alegria do povo brasileiro, mesmo frente às adversidades!

Leia o artigo original no New York Times

dezembro 03, 2005

Cicatrizes da Infância Que Nunca Desaparecem

Há muito tempo que os neurocientistas suspeitam que maus-tratos ou abandono na infância poderiam modificar permanentemente o cérebro infantil, fazendo com que essas crianças se tornem adultos mais ansiosos e depressivos, menos aptos a lidar com o estresse, ou mesmo incapazes de formar laços afetivos com outras pessoas. Entretanto, poucas evidências biológicas dessas interações estão disponíveis. Agora um grupo de pesquisadores publicou um trabalho mostrando que crianças que iniciaram suas vidas como órfãos abandonados apresentam deficiências duradouras nos níveis de hormônios associados às ligações sociais.
Os hormônios desempenham um importante papel em nossas relações com outros indivíduos. Os níveis de oxitocina aumentam durante interações físicas com entes queridos e a vasopressina está relacionada ao reconhecimento de pessoas familiares. Sempre foi difícil estudar esses hormônios em crianças, entretanto, pois eles tinham que ser analisados em amostras de líquor ou sangue.
O psicólogo Seth Pollak da Universidade de Winsconsin, Madison, U.S.A., e seus colegas, conseguiram finalmente medir a oxitocina na urina. Esando esta técnica, eles descreveram na edição online de 21 de Novembro de 2005 dos Proceedings of the National Academy of Sciences, um estudo com 18 crianças de aproximadamente 4 anos de idade que haviam passado uma média de 16 meses em orfanatos antes de serem adotadas. Os pesquisadores compararam este grupo com 21 crianças criadas pelos pais biológicos. Ambos os grupos participaram de duas situações: numa delas, a criança jogava um jogo no computador enquanto interagia calmamente com sua mãe por 30 minutos; na outram a criança fazia o mesmo com uma mulher estranha. As crianças criadas pelos pais biológicos mostraram um aumento dos níveis de oxitocina após contato com a mãe mas não com a mulher estranha; os ex-órfãos, entretanto, não mostraram alterações nos níveis de oxitocina em nenhuma das situações. A oxitocina normalmente diminui o estresse. Os ex-órfãos também tiveram menores níveis de vasopressina em ambas as situações, o que pode explicar a sua dificuldade em fazer novos amigos.