A revista Science da semana passada noticiou a descoberta, feita pelo neurofarmacologista Carlos Zarate, do National Institute of Mental Health, em Bethesda, Maryland, de que a quetamina-uma droga utilizada como anestésico veterinário e que age bloqueando receptores de N-metil d-aspartato (NMDA)-pode ter um potente e rápido efeito antidepressivo.
No estudo de Zarate e cols., 17 pacientes que tinham depressão maior e não respondiam aos antidepressivos tradicionais, foram injetados com placebo ou quetamina; 12 pacientes responderam ao tratamento, com 5 deles preenchendo os critérios de remissão da depressão. Esse resultado foi publicado na edição deste mes dos Archives of General Psychiatry. Além disso, 6 pacientes mantiveram a melhora por pelo menos uma semana após uma única injeção. Um placebo, injetado no mesmo grupo num dia diferente, ajudou muito menos.
De acordo com Zarate, o mais interessante é que o efeito é muito rápido: 24 horas após a injeção, os pacientes apresentavam melhoras equivalentes àquelas obtidas após 2 meses de uso dos antidepressivos comumente utilizados.
Eu gostaria de lembrar, entretanto, que nem tudo são flores quando se fala da quetamina; ela foi abandonada como um anestésico para uso em humanos por ter uma tendência a produzir desagradáveis experiências fora do corpo; em alguns países, tem sido usada ilegalmente como droga recreativa, justamente por esses efeitos dissociativos...